31 de julho de 2025

Teologia, Escrituras

Da Interpretação das Escrituras

Vejo que há muitas dificuldades na interpretação, especialmente quando falamos da Escritura. Por isso, uma pequena nota sobre a questão se faz necessária. Vamos analisar um texto bíblico: Mateus 5:13 — “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.” Hoje entendemos que o sal serve para temperar, mas alguns sabem (e outros não) que, antigamente, ele também era usado para conservar alimentos. Ainda assim, a interpretação do sal permanece óbvia dentro do nosso contexto. Mesmo sem o conhecimento da conservação, a ideia de temperar, de realçar o sabor, se mantém bem estabelecida e, com prudência e respeito pela Palavra, chegamos a uma compreensão correta. Não há necessidade absoluta de entender cada detalhe histórico para captar a mensagem de Cristo. Por exemplo, o fato de o sal ser pisado refere-se ao costume de jogá-lo nas estradas quando já não tinha utilidade, pois, uma vez úmido ou usado, perdia seu valor. Interpretar apenas pelo contexto histórico pode ser perigoso. Um tolo ou herege poderia afirmar que o texto sugere que podemos ser usados pelo mundo e depois descartados, algo que não tem nada a ver com a intenção original das Escrituras. A possibilidade de múltiplas interpretações só existe dentro de limites bem definidos pelo próprio texto e seu contexto. Não devemos nos dispor a transformar a Palavra em um texto místico e subjetivo. Pelo contrário, nosso dever é observar com cautela o contexto, especialmente o textual, e, com sinceridade e pelo poder do Espírito, compreender o que a Escritura expõe. A seriedade da Palavra de Deus não pode nos levar a aceitar ideias como as de Nietzsche, que defendia que a interpretação de um texto depende da experiência individual. A ideia de um autor é única e tem uma direção específica. Ainda que ele explore possibilidades, estas sempre estarão dentro dos limites que ele próprio determinou. Por que a Escritura foi escrita e entregue aos cristãos? Porque Deus, em sua misericórdia, providenciou um texto-base para a vida cristã, o desenvolvimento da fé e o entendimento correto de como viver. Isso é repetido em muitos lugares da Escritura, como no Salmo 119 e em 2 Timóteo 3:16–17. Assim, por que deveríamos interpretar a Escritura de maneira diferente do que ela se propõe? Nem sequer deveríamos cogitar tal heresia. A Palavra de Deus é para os seus filhos, ensinando-lhes como viver perfeitamente conforme a vontade divina. Einstein e Newton tinham perspectivas distintas sobre o motivo pelo qual uma maçã cai da árvore ao invés de flutuar. No entanto, ambos concordavam em um ponto essencial: a maçã cai. Esse fundamento comum deveria nos ensinar algo. Se nos preocuparmos demais com interpretações esotéricas e simbologias ocultas, perderemos o essencial. Isso não significa que não existam textos difíceis na Escritura, mas sim que, se seguirmos um método coerente de análise, a dificuldade se torna menor. Eis um guia simples para interpretar corretamente: Alguns insistem: “O contexto é essencial para entender a Escritura”. Sim, e por isso eu recomendo que investiguem o contexto textual. Se quiserem um aprofundamento histórico, basta consultar um bom manual teológico. Ele ajudará? Muito. Mas sem ele você sobrevive? Com certeza. O problema é que nos falta fé para ler a Palavra e crer no que ela diz. Não confiamos no Espírito Santo. Já me vi confuso diante de um texto e, após ler um material auxiliar, percebi que a resposta era óbvia. Eu havia manuseado a Escritura com preguiça e má vontade. Precisamos desenvolver autoridade bíblica, e isso significa estudar e esmiuçar as Sagradas Letras. A Palavra está disponível para ser estudada. Podemos perder tempo com nuances inúteis, como Einstein e Newton (não que a ciência deles seja inútil, mas para nós cristãos é irrelevante nesse contexto), ou podemos ler a Escritura com maturidade, pensando profundamente e ruminando sobre o texto. Se, depois de seguir esse método — que, quando bem feito, pode levar dias — , você ainda não entender um texto, busque auxílio. Agora, se você não concorda com o texto, vá se tratar biblicamente. Você pensa que é Deus? Pois bem, o inferno será sua casa eterna. Não existe a possibilidade de negar a Escritura por orgulho. Se você discorda de um versículo, prove biblicamente que Deus não deu aquela ordem, revogou aquele método ou algo do tipo. Sua opinião não pode ser a base para interpretar algo tão sério quanto a Palavra de Deus. Pelo contrário, a Escritura deve ser a base do seu julgamento, e não você o juiz da Escritura. Nosso ego se infla quando somos confrontados. Nos sentimos ofendidos quando algo nas Escrituras bate de frente com o conforto de nossa vida presente. Mas devemos fugir da carne e de suas inclinações, pois seguir nossa própria opinião é inútil e perigoso.

Cosmovisão, Psicologia, Sociologia

A Janela de Overton e a Igreja

A janela de Overton é um conceito e método que ajuda a entender o que é socialmente aceito em determinado momento histórico. Trata-se de uma “janela social”, um espaço que delimita as ideias, comportamentos e práticas que a sociedade considera normais ou toleráveis. Dentro dessa janela, há práticas e pensamentos amplamente aceitos; fora dela, encontram-se os extremos que ainda não foram incorporados ao consenso social. Por exemplo, ir ao mercado é algo que está no epicentro da janela de Overton no Brasil e em grande parte do mundo. Porém, essa janela não é fixa: ela pode se expandir, permitindo que novas ideias entrem, ou se contrair, excluindo práticas anteriormente aceitas. Esse movimento de expansão ou contração ocorre constantemente, moldado por forças culturais, sociais e políticas. A Janela de Overton na Igreja: Um Fenômeno de Adaptação Quando observamos a igreja, especialmente no meio reformado, percebemos que ela também passa por processos semelhantes de adaptação. A influência externa das mudanças culturais inevitavelmente afeta as práticas e os comportamentos dentro das comunidades cristãs. Um exemplo claro disso é a questão do feminismo. O Feminismo e a Janela Evangélica No início do século XX, o feminismo era amplamente rejeitado nos círculos evangélicos tradicionais. À medida que o movimento ganhou força na sociedade, a janela de Overton na igreja começou a se expandir gradualmente. Na primeira metade do século XX, havia uma abertura muito limitada. Na segunda metade, essa abertura aumentou, ainda que com restrições. Hoje, vemos uma aceitação maior de algumas ideias feministas, especialmente aquelas que correspondem ao feminismo mais moderado ou restrito dos anos 40 e 50. Por exemplo, práticas que antes seriam impensáveis, como mulheres ensinando ou sendo missionárias sem o acompanhamento de um esposo, agora são comuns em muitas igrejas. Mesmo em comunidades que se dizem antifeministas, é evidente que houve concessões práticas. Algumas igrejas permitem que mulheres “palestrantes” ensinem em contextos específicos, mas evitam o uso do título “pastora” para não ferir sensibilidades teológicas. Esse fenômeno reflete uma adaptação gradual que acompanha a sociedade, mas sempre com um certo atraso em relação às mudanças culturais externas. Esse atraso de transição, ou “delay”, é uma característica importante da janela de Overton na igreja. Enquanto a sociedade avança rapidamente em determinadas questões, a igreja frequentemente adota uma postura mais cautelosa, absorvendo ideias que estavam na sociedade décadas atrás. O que pode parecer bom, mas realmente não é, pois ainda que lenta a progressão, ela ocorre e transfigura-se em desculpas para fugir da doutrina em detrimento das aceitabilidades sociais. O Problema da Falta de Autoanálise O fenômeno da janela de Overton na igreja, embora compreensível como resultado de influências culturais, deve ser enfrentado com rigor e desconfiança. A naturalidade do fenômeno não o torna benigno; pelo contrário, a história nos mostra que essas mudanças frequentemente introduzem corrosão nos pilares doutrinários. Não é simplesmente uma questão de avaliar o conteúdo das ideias que entram, mas de questionar o princípio de abrir as portas para influências externas que não emanam da Palavra de Deus. Até onde devemos permitir que essas influências entrem na igreja? A resposta clara, do ponto de vista escritural, deveria ser “o mínimo possível”. A igreja é chamada a ser distinta, santa e separada (Lv 20:26; 2Co 6:17). As fronteiras devem ser rígidas, e o crivo para qualquer ideia externa deve ser a suficiência das Escrituras (2Tm 3:16–17). O problema não está apenas na falta de autocrítica, mas no fato de que muitas igrejas substituíram a autoridade bíblica por conveniências culturais ou pragmatismo eclesiástico. O apelo à autoanálise, embora correto em sua essência, pode falhar se não estiver ancorado na supremacia da Bíblia. O verdadeiro problema é que muitas igrejas já perderam a base para essa autocrítica: elas não sabem mais como discernir o que é bíblico do que não é. A Palavra de Deus é clara ao advertir contra o conformismo ao mundo (Rm 12:2), mas a falta de zelo em aplicar essa verdade tem permitido que práticas contrárias à doutrina bíblica sejam aceitas como normais. Não se trata de equilibrar influências culturais, mas de rejeitá-las sempre que se afastam do padrão inerrante das Escrituras. Assim, a questão não é apenas “quais limites precisamos estabelecer?”, mas se ainda temos coragem de estabelecer limites claros e não negociáveis em um contexto onde muitos preferem agradar o mundo a serem fiéis ao Senhor (Gl 1:10). O Feminismo e o Perigo do “Migué” Um exemplo claro disso é a forma como algumas igrejas lidam com a questão do ensino feminino. Para justificar práticas que antes seriam rejeitadas, utiliza-se o que podemos chamar de “migué” — um artifício cínico para driblar os princípios doutrinários. Por exemplo: Esse tipo de adaptação sutil cria uma contradição entre a prática e a doutrina, e a falta de análise crítica permite que essas mudanças ocorram sem um exame adequado. Outros Exemplos: Instrumentos Musicais e Outras Mudanças A janela de Overton não afeta apenas questões relacionadas ao feminismo. Podemos observar o mesmo fenômeno em diversas questões como no debates sobre o uso de instrumentos musicais, estilos de culto, formas de evangelismo e outras práticas. Por exemplo, algo que outrora seria considerado inadequado, como o uso de determinados instrumentos no culto, hoje é amplamente aceito. O ponto aqui não é dizer que toda mudança é ruim, apesar da sua maioria ser. A questão é que essas mudanças precisam ser avaliadas. Sem uma análise séria, corremos o risco de permitir que ideias e práticas contrárias às Escrituras entrem na igreja de forma descontrolada. O Papel dos Cristãos Reformados Infelizmente, muitos cristãos reformados têm negligenciado essa análise. A falta de reflexão crítica deixa um vácuo, que é preenchido por ideias mal formuladas ou por influências externas. O fenômeno da janela de Overton na igreja é real, e cabe aos cristãos comprometidos com a verdade bíblica fazerem essa autoanálise regularmente. Essa autocrítica não é uma tarefa fácil, mas é essencial para preservar a pureza doutrinária e a fidelidade à Palavra de Deus. O problema está na forma e conteúdo dessas mudanças, principalmente porque em quase

Teologia, Cosmovisão, Escrituras, Epistemologia

Críticas ao Escrituralismo #RefuteSeForCapaz 1

O escrituralismo, como princípio epistemológico, tem sido alvo de inúmeras críticas, muitas vezes sem a devida profundidade ou honestidade intelectual. Não são raros os casos de pessoas que, sem compreender completamente o conceito, tentam refutá-lo com argumentos que beiram o superficial. Entre essas críticas estão aquelas que dizem, por exemplo, que o escrituralismo “é infantil” ou que “é impossível não usar os sentidos enquanto se lê a Bíblia”. Esse tipo de argumento reflete uma compreensão limitada, ou mesmo inexistente, dos fundamentos filosóficos e teológicos do escrituralismo. Críticas Superficiais e o Problema da Honestidade Intelectual Quem critica o escrituralismo dessa forma demonstra uma postura de imbecilidade intelectual. Aqui, o termo “imbecilidade” não é usado de maneira ofensiva, mas técnica: refere-se à incapacidade ou recusa de uma análise honesta e profunda. Um exemplo típico é o tomista que ri de uma abordagem escrituralista sem ser capaz de explicar os próprios fundamentos do tomismo de maneira clara. Ele aceita o sistema filosófico de Tomás de Aquino sem questioná-lo, apenas confiando nas aparências ou em argumentos de autoridade. Esse tipo de crítico, na ânsia de descartar o escrituralismo, frequentemente revela seu autofagismo intelectual — uma postura de autodestruição na qual a mente se fecha para o diálogo, permanecendo em círculos de pressupostos não examinados. Contra isso, a única atitude possível é a oração e a paciência, pois essa pessoa já está tão estruturada em sua idiotização que dificilmente aceitará reconsiderar sua posição. O Fundamento Epistemológico do Escrituralismo O princípio escrituralista parte da Escritura como base última e inerrante da verdade. Isso não significa ignorar a realidade sensorial ou empírica, mas colocar a revelação bíblica como a lente que ilumina todas as áreas do conhecimento. Essa abordagem não é um salto no escuro, mas uma escolha lógica e teologicamente fundamentada. Enquanto muitos sistemas filosóficos começam com axiomas humanos, o escrituralismo começa com um fundamento divino: a Palavra de Deus. Minha própria jornada em direção ao escrituralismo foi marcada por um processo investigativo profundo. Comecei interessado no sistema, mas encontrei problemas que me levaram a uma posição oposta. Contudo, ao analisar outros sistemas epistemológicos, percebi que eles possuíam ainda mais inconsistências. E consequentemente, quanto mais eu tentava me esquivar do escrituralismo, mais das suas respostas começam a fazer sentido, sendo assim, voltei ao escrituralismo, pois ele apresentava respostas epistemológicas, metafísicas e éticas superiores. A busca pela verdade sempre foi o meu objetivo. O escrituralismo não é apenas um sistema filosófico; é uma base sólida que me permitiu lidar tanto com questões pessoais quanto com debates intelectuais. Por meio da Escritura, encontrei um fundamento dogmático para a verdade, algo que outros sistemas falham em fornecer de forma consistente. Respostas Superiores em Todas as Áreas As críticas ao escrituralismo geralmente ignoram a profundidade de suas respostas. Em termos epistemológicos, oferece uma explicação clara sobre como obtemos conhecimento e como esse conhecimento se relaciona com a realidade. Metafisicamente, fundamenta a estrutura da existência na soberania de Deus. Eticamente, fornece uma base objetiva para avaliar nossas ações e escolhas. Mesmo que o sistema ainda precise de desenvolvimento em algumas áreas, isso não invalida seus fundamentos. O escrituralismo já está epistemologicamente estabelecido, e o trabalho restante é uma questão de construção, algo que ocorre ao longo do tempo. Diversos sistemas filosóficos começaram com fundamentos incompletos, mas foram sendo refinados ao longo da história. O escrituralismo está nesse mesmo caminho, mas sua base é inabalável porque está enraizada na revelação divina. Observações Sociológicas e Psicológicas Ao observar diferentes tradições cristãs, notei como os pressupostos religiosos influenciam suas abordagens. Igrejas mais modernas ou neopentecostais tendem a cair em um empirismo prático, buscando experiências pessoais como base para a fé. Por outro lado, ambientes mais reformados frequentemente adotam uma adoração excessiva da ciência, buscando uma apologética evidencialista que, às vezes, negligencia os princípios bíblicos. Esses fenômenos ilustram como pressupostos filosóficos e religiosos moldam nossa busca pela verdade. A honestidade intelectual exige que reconheçamos essas influências e as analisemos criticamente. No caso do escrituralismo, sua força está justamente em expor e confrontar esses pressupostos, apontando para a Escritura como o padrão final de verdade. O Chamado à Honestidade Intelectual O que diferencia uma pessoa intelectualmente séria de um imbecil é a humildade e a honestidade na busca pela verdade. Quem tenta refutar o escrituralismo sem entendê-lo demonstra preguiça intelectual. Esse tipo de crítico é como um “feto intelectual”, alguém que ainda não nasceu no verdadeiro campo do pensamento filosófico. Se alguém deseja realmente debater o escrituralismo, deve ser capaz de responder às suas propostas epistemológicas, metafísicas e éticas. Deve ser capaz de apresentar um sistema alternativo que resista ao mesmo nível de escrutínio. Até lá, as críticas permanecem no nível superficial, refletindo mais sobre a incapacidade do crítico do que sobre qualquer falha do sistema escrituralista. Conclusão O escrituralismo não é apenas um sistema filosófico; é uma busca pela verdade enraizada na revelação divina. Ele oferece respostas consistentes e robustas para questões fundamentais da existência, do conhecimento e da moralidade. Críticas ao escrituralismo geralmente revelam falta de entendimento ou honestidade intelectual, mas isso não muda o fato de que ele permanece epistemologicamente superior. Aqueles que desejam refutá-lo precisam começar com humildade e disposição para o diálogo honesto. Até lá, o escrituralismo continua a ser a abordagem mais sólida e coerente para compreender a realidade sob a luz da Escritura.

Filosofia, Epistemologia

Por Que Você Pensa Como Pensa? #PsicologiaDeGueto 1

Por que você pensa como pensa? Por que a sua experiência tem essa interpretação? Aqui, não estou questionando a validade da experiência ou negando que ela exista. O ponto é que a experiência, por si só, não é uma verdade absoluta. Como cristão escrituralista, acredito que a verdade absoluta está nas Escrituras. Mas por que as suas experiências possuem as nuances que possuem? Por que você usa certos métodos, certas interpretações, e por que você constrói sua visão de mundo dessa maneira? Nós, cristãos, sabemos que devemos nos pautar nas Escrituras como padrão supremo. Contudo, existem sub-pensamentos, divisões, influências e vivências que moldam nossa forma de agir, pensar, sentir e reagir. Esses elementos geram os traumas, pensamentos e atitudes que temos. A pergunta que eu proponho aqui é: Por quê? Uma Análise Sincera Faça uma autoanálise sincera. Caminhe pelas Escrituras buscando compreender a sua experiência e o seu eu individual. Não estou falando de algo místico, mas de um processo concreto, real e honesto. A avaliação deve ser feita à luz das Escrituras, nosso padrão final. Essa é a minha proposta: jogue uma bomba dentro de si mesmo. Veja quais pedaços se desprendem. Examine como a sua mente e psique funcionam. Analise os padrões que você segue. Questione-se: • Por que você escolhe certos caminhos e não outros? • Por que você reage de determinada forma? • Por que você sente raiva ou tristeza? • Por que você se importa tanto com o que os outros pensam ou, às vezes, parece se importar pouco? Essas perguntas não são meras repetições retóricas. O objetivo é fazer uma análise sincera do funcionamento da sua mente e da origem das suas ideias. Por que você pensa do jeito que pensa? Como você chegou até aqui? Quais influências moldaram seus gostos, aversões e convicções? Questionando as Suas Bases Você já se perguntou por que tem certas manias? Por que reage de forma específica em determinadas situações? Vamos usar um exemplo pessoal: eu, por muitas vezes, me irritava facilmente quando algo atrapalhava meus planos. Essa irritação chegava ao ponto de me fazer querer quebrar coisas. As pessoas ao meu redor talvez não percebessem, mas, dentro de mim, havia essa luta. Em Cristo, encontrei a solução, mas antes precisei investigar por que era assim. A resposta não foi simples. Não era algo como 1+1=2, mas uma fórmula mais complexa, cheia de variáveis e fatores acumulados ao longo do tempo. Essa irritação era resultado de permissões dadas, ações repetidas e padrões miméticos. Mas isso não significa que fosse impossível de resolver; apenas exigia trabalho e dedicação. Como cristão, eu tinha as ferramentas necessárias para enfrentar isso: o Espírito Santo, a oração, a reflexão bíblica e a capacidade de escrever e organizar minhas análises. Essas ferramentas me permitiram entender o problema e, em Cristo, superá-lo. Perguntas Fundamentais Se você não entende qual é o problema, como pode encontrar a solução? Essa é a realidade que observo em muitos cristãos e pessoas no geral. Vejo que muitos não conseguem sequer formular perguntas claras, e sem perguntas, como esperar respostas? Não estou dizendo que devemos buscar respostas para tudo, mas há perguntas que são essenciais. Perguntas que têm respostas, que não são um amontoado de pensamentos avulsos, mas dúvidas sinceras que buscam iluminar questões fundacionais sobre quem somos, como pensamos e por que agimos como agimos. A Jornada da Autoavaliação Essa jornada de autoavaliação requer esforço. Não é simples, mas é possível. Como cristão, você tem acesso às ferramentas certas, por meio do Espírito Santo, pois Ele nos guia na verdade, revela o que está oculto e nos capacita a enxergar o que precisamos mudar: 1. As Escrituras: Elas são o padrão inerrante para avaliar nossas vidas e pensamentos. 2. A Oração: Um meio de clamar por sabedoria, força e discernimento. 3. A Comunhão Cristã: Conselhos de irmãos na fé podem trazer clareza e orientação. No final, a pergunta que permanece é: Por quê? Por que você age como age? Por que você sente como sente? Por que você pensa como pensa? Essas são perguntas que precisam ser colocadas em análise sincera, à luz da verdade bíblica. E é nesse caminho de autoavaliação que você pode encontrar respostas profundas e transformadoras.

Filosofia, Metafísica, Epistemologia

O que é um axioma e como ele opera? #EscrituralismoExplicado 1 

Tratemos da teoria do conhecimento. A epistemologia é o campo da filosofia que investiga as questões fundamentais do ato de conhecer, em especial, busca responder à pergunta: “como conhecemos?”. Dentro da corrente filosófica e apologética conhecida como Escrituralismo, da qual faço parte, afirmamos que uma cosmovisão ou um sistema filosófico coerente se inicia a partir de um axioma. Vamos explorar mais profundamente esse conceito. Um axioma é um princípio não demonstrado que serve de base para o conhecimento. Cada cosmovisão precisa de um axioma a partir do qual todo conhecimento é deduzido. Em resumo, um axioma é: Desde o início, um axioma é aceito como verdadeiro sem a necessidade de comprovação. Ele deve ser autovalidante e autossustentado. O critério que determina se um axioma é contraditório ou não é a lógica, o princípio fundamental da realidade e da organização coerente do conhecimento. Um enunciado pode ser logicamente falso, mas não autocontraditório. Por exemplo, a frase “Orlando é um alien” tem um sentido lógico, mesmo que seu conteúdo seja falso. No entanto, a frase “Orlando é um humano e um alien” é contraditória e, portanto, ilógica. Além de não ser autocontraditório, um axioma precisa ser autossustentado. Se um axioma não se justifica por si só, ele dependerá de outro axioma para ser validado. Por exemplo, a declaração “Orlando é um homem”, se não for tomada como um axioma, precisa de justificação por um axioma que dê suporte a essa afirmação. Se for considerada um axioma, é automaticamente aceita como verdadeira por quem a defende, mas se não puder justificar a si mesma, ela se torna um axioma falso. Como bem destacou um colega: Um axioma adequado não apenas evita a contradição com seus próprios princípios, mas os justifica com base em seu próprio conteúdo. Isso significa que um axioma válido é consistente com os princípios fundamentais que ele sustenta e fornece uma explicação lógica e epistemológica para eles. Podemos ilustrar isso com o exemplo do axioma empírico, que se revela inconsistente. Quando um empirista afirma “Todo o conhecimento vem dos sentidos”, enfrenta-se um paradoxo: como essa afirmação foi obtida por meio dos sentidos? Essa contradição viola o princípio básico da lógica. Portanto, somente o cristianismo possui um axioma perfeito, que é a Palavra de Deus, tema que explorarei em um próximo artigo.

Teologia, Filosofia, Epistemologia, Homem

Soul, Epistemology, and the Scripturalist Concept

IntroductionThe debate on the nature of the soul is one of the pillars of Western and Islamic philosophy, having been approached in various ways by figures such as Avicenna, Averroes, and Thomas Aquinas. However, Scripturalism, a framework developed in the 20th and 21st centuries by thinkers like Gordon Haddon Clark and Vincent Cheung, proposes a thought structure centered on biblical revelation, rejecting the autonomy of human reason. This article explores how Scripturalism offers a more coherent and theologically aligned response to questions concerning the nature of the soul, highlighting the role of the Divine Logos. Section 1: Classical Views on the Soul1.1 Avicenna (Ibn Sina)Avicenna proposed a fundamental ontological distinction between essence and existence, asserting that true knowledge depends on the Active Intellect, a transcendental entity that illuminates the human mind. The soul, in his view, is a perfection of the body but remains immortal and separate from matter¹. Avicenna’s epistemology relies on illumination by the Active Intellect, raising questions about the autonomy of the soul and its relationship with God². 1.2 Averroes (Ibn Rushd)Averroes argued that the intellect is unique and shared among all human beings. This thesis of the unity of the intellect implied that there is no individuality in thought, which would undermine the concept of personal immortality³. He also maintained that human reason could comprehend universal truths without the need for a divine intermediary, a position that provoked strong opposition from Christian theologians⁴. 1.3 Thomas AquinasThomas Aquinas sought to reconcile Aristotelian philosophy with Christian doctrine, asserting that the soul is the substantial form of the body. He viewed reason and faith as complementary, claiming that human knowledge begins with sensory perception but is elevated through rational capacity. However, he preserved a distinction between primary causes (God) and secondary causes (natural laws), which creates philosophical tensions within Christian theology⁵. Footnotes: Section 2: Scripturalist Thought in Depth2.1 Foundations of the Scripturalist WorldviewScripturalism acknowledges that everyone has a worldview composed of three pillars: epistemology, metaphysics, and ethics. Gordon Clark argues that the Bible is the central axiom for any true knowledge system. Without this foundation, epistemology becomes unstable and prone to error. 2.2 Scripturalist EpistemologyScripturalist epistemology starts from the principle that all true knowledge is propositional and must be anchored in biblical revelation. Gordon Haddon Clark contends that the Bible is the supreme axiom supporting any correct understanding of reality. In The Lord God of Truth, Clark emphasizes that without the authority of Scripture, human reason is vulnerable to errors and inconsistencies¹. He rejects empiricism, claiming that human senses, corrupted by sin, are incapable of providing reliable knowledge. Only the Divine Logos can infallibly communicate true propositions². Vincent Cheung deepens this view in Ultimate Questions and Captive to Reason, advocating for an occasionalist epistemological approach. For Cheung, sensory experiences do not produce knowledge in themselves; they merely serve as occasions for God, through the Logos, to reveal truth to the human mind³. This implies that all understanding is directly caused by God, eliminating the concept of intellectual autonomy⁴. This radical occasionalism underscores the sovereignty of God in all cognitive operations. 2.3 Metaphysics and the Divine LogosScripturalist metaphysics, according to Clark, is inseparable from the doctrine of the Logos. In Johannine Logos, Clark describes the Logos as the divine reason that orders and sustains the universe⁵. He critiques the Aristotelian view of autonomous causality, arguing that the world is not an independent mechanistic system but a teleological cosmos entirely dependent on God’s will. Divine sovereignty is the foundation of all reality, making any other metaphysical view insufficient and incoherent⁶. Vincent Cheung adopts an even stricter stance on causality. In his writings, he argues that God is the direct cause of all events and phenomena, both physical and intellectual. Cheung’s metaphysical occasionalism denies any intrinsic causal power to creatures or nature. Everything results from God’s continuous action⁷. This directly contrasts with Thomas Aquinas’s notion of secondary causes operating under natural law, which Scripturalism views as insufficient to explain creation’s dependence on the Creator⁸. 2.4 Scripturalist EthicsScripturalist ethics is objective and grounded in divine revelation. In A Christian View of Men and Things, Clark argues that moral principles cannot be derived from human nature or reason, as proposed by Thomas Aquinas’s natural law theory. Instead, morality is a reflection of God’s immutable character, as revealed in Scripture⁹. Cheung reinforces this perspective in Captive to Reason, criticizing any ethical approach that relies on human judgment. He asserts that without divine revelation, ethics becomes relative and subjective, compromised by human reason’s flaws. Scripturalist ethics, on the other hand, provides a fixed and unquestionable foundation necessary for Christian moral life¹⁰. Footnotes: Section 3: Comparison and Critique — Scripturalism vs. Classical Theories3.1 Critical Analysis of AvicennaAvicenna’s philosophy, with its ontological separation between essence and existence and its reliance on the Active Intellect as a mediator of knowledge, raises serious issues when confronted with Scripturalism. Clark criticizes this view in The Lord God of Truth, asserting that propositional knowledge must come directly from God, without the need for abstract intermediaries¹. He argues that Avicenna’s concept of an intermediary entity between God and man is unnecessary and undermines divine sovereignty. Cheung, in Ultimate Questions, goes further by applying his occasionalist perspective, contending that Avicenna’s epistemology fails to acknowledge the total dependence of the human mind on divine revelation². Instead of an Active Intellect illuminating the mind, Cheung holds that God, through the Logos, is the direct source of all knowledge. Therefore, sensory experiences serve only as occasions for divine intervention, rather than being the foundation for acquiring knowledge³. 3.2 Critique of Averroes’ Unity of the IntellectAverroes’ thesis of the unity of the intellect, which posits a single intellect shared by all humanity, is a point of intense controversy. In Johannine Logos, Clark criticizes this idea for destroying the individuality of the soul and the concept of personal moral responsibility⁴. For Clark, each person has an individual soul, created by God, and it is this soul that is illuminated by the Logos, ensuring the possibility of individual knowledge and immortality. Cheung also delivers a strong critique in Captive to