28 de setembro de 2025

Doxologia e Prática, Teologia

Uma Suspeita Doxologia: Um Discurso Pré-Campanha

A caminhada do cristão escrituralista é, antes de tudo, uma jornada de conhecimento e glória a Deus. Nossa base está firmada em fundamentos sólidos: a suficiência das Escrituras, a soberania divina, e uma cosmovisão que integra epistemologia, metafísica e ética de maneira coerente. Contudo, nossa tarefa não é apenas manter essas bases, mas avançar. Este texto, intitulado “Uma Suspeita da Doxologia”, visa motivar e preparar os leitores para a campanha que temos à frente – um avanço intelectual, teológico e prático, sempre fundamentado na glória de Deus. A Estrutura de Nossa Cosmovisão A cosmovisão escrituralista é construída em dois níveis: o teórico e o real. No nível teórico, ela é formada pela tríade epistemologia, metafísica e ética. No nível real, compreendemos que a ordem se dá da metafísica para a epistemologia, e desta para a ética. Essa estrutura não é apenas uma organização abstrata, mas a base concreta de como enxergamos e interpretamos o mundo à luz das Escrituras. Porém, agora é o momento de crescer. Não no sentido de alterar nossas bases – estas são firmes e indestrutíveis – mas de avançar, de ampliar nossas reflexões e práticas em áreas que ainda não exploramos completamente. Filosofia, teologia, ciências sociais, psicologia, sociologia, entre outras disciplinas, precisam ser vistas sob a lente escrituralista, para que possamos oferecer respostas e soluções bíblicas às questões contemporâneas. O Discurso de Motivação para a Campanha Como um exército prestes a partir para a batalha, precisamos nos lembrar de algumas verdades fundamentais e nos preparar para o caminho à frente. Este é um discurso de preparação e encorajamento. Para os que ainda se preparam Aqueles que não se sentem prontos para avançar conosco podem permanecer na retaguarda, fortalecendo-se, equipando-se com as armas do conhecimento bíblico e se preparando para se juntar a nós no tempo certo. Não há desonra em aguardar e se fortalecer antes de partir para a batalha. Para os que avançam Aqueles que estão prontos para a campanha devem lembrar que Deus nos escolheu, nos salvou e nos santifica. Ele é soberano sobre toda a história, guiando cada pensamento, cada ação, tanto de cristãos quanto de ímpios. Não há acaso em nossa caminhada; cada passo foi decretado por Ele. O Objetivo da Nossa Caminhada Nosso objetivo é claro: glorificar a Deus em tudo o que fazemos. Ele nos chamou para espalhar Sua verdade, para que Seu nome seja exaltado em todas as áreas da vida. Não buscamos o reconhecimento mundano ou a validação das instituições humanas. Nossa missão é mais elevada: caminhar em verdade e vida, aplicar os pressupostos bíblicos na realidade e realizar todas as coisas para a glória de Deus. O Chamado à Ação Deus, em Sua infinita sabedoria, decretou todas as coisas para o louvor da Sua glória. Ele nos escolheu antes da fundação do mundo, nos chamou, nos justificou e nos santifica diariamente. Nossa resposta a isso deve ser uma vida de obediência, dedicação e louvor. Podemos não ter os títulos ou os reconhecimentos do mundo, mas temos a verdade revelada nas Escrituras e a presença do Espírito Santo. É suficiente. Com isso, podemos fazer teologia, filosofia, ciências sociais, psicologia, e qualquer outra disciplina, sempre para a glória de Deus. Conclusão: Uma Campanha para a Glória de Deus Este é o nosso chamado, esta é a nossa missão: avançar, sempre lembrando quem Deus é e o que Ele faz. Não estamos sozinhos nessa caminhada; temos a Palavra, temos o Espírito, e temos uns aos outros como irmãos em Cristo. Que possamos ser fiéis, que possamos ser corajosos, e que em tudo o nome de Deus seja glorificado. Que Deus nos guie. Que Deus nos fortaleça. Que avancemos com confiança, sempre para a glória do Senhor.

Apologética, Geral, Filosofia, Cosmovisão

Apologética, Cosmovisão e Evangelismo

Apologética é a defesa da fé. Em particular, trata-se da defesa da fé cristã contra os argumentos de nossos inimigos, contra outras visões de mundo, contra debatedores que se levantam contra a verdade das Escrituras e contra intelectuais e ideias que negam a Palavra de Deus. A apologética só pode ser eficaz por uma via: a via pressuposicional. A visão pressuposicionalista, fundamentada no conceito de pressupostos, é a única abordagem correta. Qualquer tentativa de defender a fé a partir de outro fundamento é falha. O motivo é simples: o cristianismo se propõe como verdade absoluta. Como religião, ele abarca toda a vida do indivíduo. O cristianismo crê em conversão, que é mudança total de vida. Ele oferece uma cosmovisão — toda a sabedoria de Deus aplicada à existência humana. Acredita que as Escrituras são úteis para toda a vida do homem e o aperfeiçoamento em Cristo. Tudo isso implica que a apologética só pode ser pressuposicional, porque a cosmovisão é necessária. Quando discutimos as essências de uma cosmovisão, chegamos inevitavelmente às bases da epistemologia, da metafísica e da ética. Em especial, na epistemologia encontramos o axioma: um princípio não demonstrado externamente, mas fundamentado em si mesmo pela sua autoevidência e autojustificação. O axioma é aquilo que se declara como fundamento, e cujas proposições sustentam um sistema coeso. A partir dele, podemos compreender a metafísica e a ética e, sobre essas três matérias, construir todo o arcabouço filosófico, firmados no arcabouço teológico que gera uma cosmovisão e sua aplicação. Assim, a apologética só pode ser pressuposicional. E como aplicá-la? Tendo entendido como a cosmovisão funciona, devemos nos aprofundar completamente na cosmovisão cristã. “Completamente” aqui significa ter os fundamentos claros. Uma criança de cinco anos, que tenha compreendido o essencial da fé cristã, jamais perderá diante de um grande intelectual, se for verdadeiramente cristã. Ao entender o mínimo sobre salvação, fé em Deus, vida prática com Ele e conhecimento por meio das Escrituras, ela será capaz de derrubar sofismas. Pois é isso que o mundo produz sem Deus: sofismas. Todas as verdades fragmentadas que as pessoas encontram “lá fora” são verdades de Deus. Porém, sem Cristo, elas não podem justificá-las. O cristão, por sua vez, pode discernir o que é verdadeiro e o que é falso, justificar a verdade e demonstrar a falsidade. Qual é, então, o telos — o sentido, o objetivo da apologética? É a própria cosmovisão. Defender a fé é cumprir o mandamento de 1 Pedro 3.15: estar preparados para falar da nossa esperança e demonstrá-la aos outros. Isso é evangelismo. Apologética e evangelismo não se confundem, mas se integram. A derrubada de um argumento pode levar alguém a refletir sobre sua vida e crenças. Um debate público pode despertar reflexão nos ouvintes. Mas, assim como no evangelismo, aquele que resiste à verdade após ouvi-la acumula maior condenação diante de Deus. Se não glorificar ao Senhor pela conversão, o fará pela manifestação de Sua ira. A apologética, portanto, é essencial. Em um evangelismo, podemos ser desafiados por alguém contrário à fé e, nesse momento, a defesa se torna necessária. Outras vezes, no próprio exercício da apologética, surgem oportunidades de evangelismo. Eles não são a mesma coisa, mas caminham juntos, como aplicação prática da cosmovisão cristã. Na prática, a cosmovisão se insere, por exemplo, no evangelismo que pode nos levar a falar de soteriologia, pode caminhar para a pneumatologia, para a hamartiologia ou para outras áreas. Assim, a apologética se manifesta e, fica claro que, não se reduz a um debate acadêmico: ela é parte do viver cristão. Até mesmo a pregação, que é um monólogo expositivo, tem natureza argumentativa. Quando afirmamos simplesmente “você deve crer em Cristo para ser salvo”, isso já é um argumento. A Palavra é sempre confrontativa, podemos dizer apologética em si mesma, tomadas as devidas proporções. No fim, tudo se resume a mentes. Como Paulo diz, a mente guiada pelo Espírito vive segundo o Espírito; a mente carnal se prende às coisas da carne. Outras religiões falam em espiritualidade, mas sua “espiritualização” é demoníaca. Apenas a Escritura nos dá a mente verdadeiramente espiritual. Nosso objetivo, então, é evidenciar que a apologética tem um fundamento e um princípio que não podem ser ignorados. Devemos estar preparados para expor a razão da nossa esperança, destruir sofismas e abater fortalezas que se levantam contra Cristo (2 Co 10). O cristão vive em guerra: contra o mundo, a carne e o diabo. Essa luta se dá em oração, na expulsão de demônios, na cura, na pregação do evangelho, na exposição das Escrituras e também na apologética. Em todo tempo, de algum modo, exercemos defesa da fé — contra tentações internas, contra ataques satânicos à mente e contra os falsos desejos da carne. A apologética, embora tenha sua dimensão teórica e argumentativa, também pode ser vista como filosofia prática de vida, vivida no cotidiano de quem permanece em Cristo. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Em Cristo estamos arraigados, fortalecidos, estabelecidos. Nenhuma potestade pode nos vencer. Por isso, devemos vestir a armadura de Deus (Ef 6) e lutar, para que o Senhor seja glorificado por meio de nós.