Expansionismo: algumas críticas

Nota sobre a série Série Notas sobre o Expansionismo são artigos publicados com a autoria de Orlando Terceiro, com a finalidade de fazer uma apologia e defesa do expansionismo bíblico, não como uma exposição e defesa exaustiva, mas como pinceladas teológicas de reflexão sobre as críticas recebidas e os fundamentos bíblicos que as respondem. Nenhuma dessas críticas saiu de um mesmo indivíduo, então qualquer tentativa de imputar indiretas, ataques pessoais e afins, são de ordem pecaminosa por parte daqueles que assim pensam. O objetivo inicial e final, sincero e verdadeiro, é que o Senhor Jesus Cristo seja glorificado e a Igreja seja edificada com a doutrina bíblica explícita. Se alguns entenderem que esse expansionismo não é 100% de acordo com aquele que cunhou o termo e escreveu muito sobre a doutrina, ou seja, Vincent Cheung, não me importo, pois eu me atenho a entender que participar de uma tradição intelectual e teológica não me faz idólatra de alguém ou seu cego seguidor, mas participante ativo de ideias próximas ou iguais. Desse ínterim, qualquer diferença é de minha responsabilidade e qualquer conformidade é mérito do que aprendi com Cheung, e se quiserem argumentar algo a partir disso, em ambos os casos (diferença ou conformidade) a prova deve vir pelos meus escritos e os dele em comparação. SDG Introdução Esses dias vieram críticas ao expansionismo, doutrina que sou adepto. Muitas dessas críticas são plausíveis, mas em categorias diferentes das propostas. desse modo é necessário que seja dada a devida resposta, para que (1) fique claro aos irmãos desprovidos de conhecimento sobre o tema e para (2) que nós expansionistas melhoremos nossa ação intelectual, sistematizando e expondo essas verdades. Algumas dessas críticas são repetições de críticas que recebi no passado, então não é um ataque direcionado a alguma pessoa, mas sim uma tentativa de resposta abrangente que sintetize o que pensamos de modo sucinto. As críticas De início, alguns demonstraram pensar que se a doutrina não é praticada, a mesma é inválida. Bom, eu imagino como eu poderia praticar a doutrina da Trindade não sendo deus? Só posso a entender e adorar ao Senhor, o que se encaixaria em outra categoria, talvez na eclesiologia, na santificação ou algo assim, independente do lugar de encaixe, não é uma prática direta da doutrina. E aqui temos a demonstração inicial que alguns pontos devem ser bem esclarecidos se queremos um debate sério, pois frases de efeito são só isso, frases de efeito. “Ortodoxia sem ortopraxia é hipocrisia”, é bonita, rima, mas quais os fundamentos bíblicos? Acredito que a Escritura e suas doutrinas continuam a existir mesmo que ninguém as pratique, ou a Palavra de Deus depende do ser humano? E não estou dizendo que não há fundamento, mas como foi colocado, houve equívoco. Outra crítica que foi apontada, é que alguns defensores do expansionismo são hipócritas, agem com ego e legalismo nas suas redes sociais, mas não demonstram nas mesmas as suas ações de cura, libertação e afins. Concordo com a primeira parte dessa crítica, e sou totalmente contra esse modo de agir, porém sobre a segunda parte da crítica, é difícil dizer que não fazem ou não vivenciam as manifestações do Senhor. Se eu digo nas redes sociais que sou de uma igreja pequena e faço trabalhos em um ministério que envolve ministrar a cura etc, o que as pessoas podem fazer para comprovar? Só indo na minha cidade e procurando esse ministério, mas se não fizerem isso, terão a minha palavra apenas, e será mentira? Quem poderá dizer que é mentira? Ninguém. E eu não estou dizendo que sei o que esses irmãos criticados fazem ou deixam de fazer, mas que não podemos definir “eles não fazem”, ou pelo menos não podemos deduzir que só porque alguns hipócritas não fazem, que todos os adeptos do expansionismo não fazem também. Mais outra crítica é a busca por ver essas manifestações, afinal a doutrina expansionista diz que as manifestações aumentariam, e muito, conforme o desenrolar da história da igreja, então por que os nossos adversários não as veem por aí? Não há problema com essa crítica, mas duas respostas podem ser dadas. A primeira e mais óbvia: se há um espírito de farisaísmo, SE EXISTE ESSE ESPÍRITO, mesmo que mostrássemos, não acreditariam. Segunda resposta: como podem dizer que não está acontecendo? Se tornaram oniscientes? Não, eu acredito. Então não conseguirão percorrer em tempo real todos os lugares do mundo, logo não saberão. E nisso estou apenas considerando a confirmação expansionista em partes, porque há também a colocação da incredulidade. As críticas são bem-vindas sempre em qualquer movimento cristão honesto, mas elas devem ser baseadas não em nossas experiências ordinárias e limitadas, muito menos em nossas especulações pessoais, mas na Palavra de Deus. O que eu menos vi foram colocações bíblicas, de exegese, e afirmações de erro de interpretação dos expansionistas, além da falta de colocações positivas demostrando que há outra via de interpretação bíblica que não é expansionista. Dadas as circunstâncias, eu faço um desafio bíblico e inteiramente teológico, não me permitirei a exposição das minhas experiências com Deus, sem necessidade, e que a Escritura vença o debate. A Escritura e os dons E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. (Mc 16:15-18) O texto de Marcos é lindo, é um dos textos sobre a Grande Comissão, a obrigação dos apóstolos e nossa. O evangelho deve ser pregado para todas as criaturas, nós devemos ser dispensadores das boas novas em todo o lugar do mundo, é um dever da Igreja e, por lógica, um dever do cristão. E esse dever cumprido, irá gerar os sinais aos que creem verdadeiramente, eles farão sinais e maravilhas, eles serão protegidos
Expansionismo: uma leitura viva

Nota sobre a série Série Notas sobre o Expansionismo são artigos publicados com a autoria de Orlando Terceiro, com a finalidade de fazer uma apologia e defesa do expansionismo bíblico, não como uma exposição e defesa exaustiva, mas como pinceladas teológicas de reflexão sobre as críticas recebidas e os fundamentos bíblicos que as respondem. Nenhuma dessas críticas saiu de um mesmo indivíduo, então qualquer tentativa de imputar indiretas, ataques pessoais e afins, são de ordem pecaminosa por parte daqueles que assim pensam. O objetivo inicial e final, sincero e verdadeiro, é que o Senhor Jesus Cristo seja glorificado e a Igreja, seja edificada com a doutrina bíblica explícita. Se alguns entenderem que esse expansionismo não é 100% de acordo com aquele que cunhou o termo e escreveu muito sobre a doutrina, ou seja, Vincent Cheung, não me importo, pois, eu me atenho a entender que participar de uma tradição intelectual e teológica, não me faz idólatra de alguém ou seu cego seguidor, mas participante ativo de ideias próximas ou iguais. Desse ínterim, qualquer diferença é de minha responsabilidade e qualquer igualdade é mérito do que aprendi com Cheung, em ambos os casos a prova deve vir pelos meus escritos e os dele em comparação, se quiserem argumentar em cima disso. SDG Relato pessoal Esse é um relato sincero e singelo de como eu vejo o Evangelho, de como eu vivi e vivo um triunfalismo bíblico, uma expansão pessoal e indicativos de uma expansão fora do meu horizonte, todos relacionados com a intensidade da doutrina bíblica de poder. Para mim essa definição é perfeita, falamos de uma Doutrina Bíblia do Poder, uma glorificação do Espírito Santo em sua obra contumaz nos filhos de Deus que o buscam em profundidade. Eu fui convertido pelo Senhor no dia 24/11/2013, minha conversão ocorreu na fila do meu batismo, que outrora eu havia aceitado participar, simplesmente para agradar meus pais e por outros amigos estarem indo se batizar, mas que se transformou em uma das experiências mais reais que já tive com o Deus Vivo e Verdadeiro. Na fila do batismo eu comecei a chorar, a ser preenchido de tristeza pelo meu pecado e de alegria e gozo no Senhor, esse turbilhão ambíguo acontecia ao mesmo tempo que eu olhava para o teto da Igreja e já não havia teto, mas nuvens se abrindo, uma luz forte, anjos e uma silhueta que no meu coração se confirmava sendo Jesus Cristo. A minha mente naquela experiência teve uma transformação, eu sentia como se todas as engrenagens da minha mente e da minha vida, começassem a mudar drasticamente, girando em direção oposta. Minha conversão foi literalmente uma conversão, ela foi claramente monergística, e foi a primeira e maior benção que o Senhor derramou em minha vida. A minha conversão não me permite ser derrotista, não posso negar os dons e o poder de Deus, eu não fiquei rico ao ser convertido, e ainda tive um longo caminho de santificação e amadurecimento, esse que ainda percorro em minha vida presente. Mas o que houve foi triunfante, de um usuário de maconha, pervertido, viciado em masturbação, maloqueiro e desrespeitoso, em síntese, de um pecador qualquer largado nesse mundo, eu fui transformado em Filho de Deus, eu fui curado, eu fui restaurado pelo sangue do cordeiro. O derrotismo em coisas menores não pode ser a minha visão, pois se na questão mais importante, a salvação da minha alma para a glória de Deus, o Senhor foi bom, mas infinitamente bom, que dirá com o restante? Vamos com calma, já explico melhor. Evangelho Eu leio os evangelhos e fico impressionado. Eu leio e releio e eu não consigo desassociar o Evangelho da manifestação do poder de Deus, é poder para a salvação do que crê, é poder para curar os enfermos, é poder para expulsar os demônios, é poder para libertar os cativos física e espiritualmente de suas chagas, é poder sobre poder. O Senhor Jesus em Mateus 4 foi tentado por Satanás no deserto e ele venceu, o Reino foi expandido. O ministério de Jesus foi grandioso, foi poderoso, mas o Senhor Jesus foi gracioso em prometer mais para aqueles que creem. Ele multiplicou vinho, o triunfalismo foi estabelecido. Ele curou cegos, paralíticos, uma moça o tocou e foi curada, mesmo que ele só soubesse depois que a cura tinha ocorrido, o Reino foi expandido. Mas Ele ainda prometeu mais para aqueles que creem nEle. O poder de Deus foi manifesto em Atos, os relatos me encantam, me fazem desejar mais e mais o Reino, eu clamo toda vez que me lembro, eu clamo por misericórdia e perdão para o Senhor e clamo por graça e poder para que o Senhor seja glorificado, pois, Ele me prometeu mais. Toda vez que eu avanço em minhas súplicas, eu avanço em mais manifestações, as quais não são somente de cura física, mas espiritual também, não são somente de demônios sendo expulsos, mas de promessas de providência e graça; o Senhor traz a minha vida progressivamente, nesses mais de 10 anos convertido, poder e benção que se escalonam e se expandem. O Senhor traz triunfo e vitória cada vez mais para mim, sou cada dia mais grato e usado pelo Senhor. O Reino se expande e o triunfalismo aparece. Não me atentarei agora em erigir a explicação do expansionismo de Cheung, dos detalhes minuciosos de uma vírgula que ele pode ou não ter colocado errado, ou na crítica que alguns fabricam: essa doutrina é de um teólogo e alguns doidos que o seguem. Não me importo. O triunfalismo e o expansionismo estão nas Escrituras, eu os encontrei lá. Eu pequei contra o Senhor em um pequeno período que a minha fé foi minada pela péssima teologia reformada que chegou até mim, mas sempre fui incomodado pelo Espírito nas leituras e orações que fazia, sendo demonstrado que eu estava errado em seguir o derrotismo e o fanatismo confessional. O erro O Evangelho me traz a lembrança de que não sou derrotado, de que
Expansionismo: verdade sistemática

Nota sobre a série Série Notas sobre o Expansionismo são artigos publicados com a autoria de Orlando Terceiro, com a finalidade de fazer uma apologia e defesa do expansionismo bíblico, não como uma exposição e defesa exaustiva, mas como pinceladas teológicas de reflexão sobre as críticas recebidas e os fundamentos bíblicos que as respondem. Nenhuma dessas críticas saiu de um mesmo indivíduo, então qualquer tentativa de imputar indiretas, ataques pessoais e afins, são de ordem pecaminosa por parte daqueles que assim pensam. O objetivo inicial e final, sincero e verdadeiro, é que o Senhor Jesus Cristo seja glorificado e a Igreja seja edificada com a doutrina bíblica explícita. Se alguns entenderem que esse expansionismo não é 100% de acordo com aquele que cunhou o termo e escreveu muito sobre a doutrina, ou seja, Vincent Cheung, não me importo, pois eu me atenho a entender que participar de uma tradição intelectual e teológica não me faz idólatra de alguém ou seu cego seguidor, mas participante ativo de ideias próximas ou iguais. Desse ínterim, qualquer diferença é de minha responsabilidade e qualquer conformidade é mérito do que aprendi com Cheung, e se quiserem argumentar algo a partir disso, em ambos os casos (diferença ou conformidade) a prova deve vir pelos meus escritos e os dele em comparação. SDG Sistematização Meu desejo é ser direto e, por consequências externas, me manter em breves palavras, esboçando os fundamentos sistemáticos da interpretação expansionista e sua aplicabilidade nas doutrinas bíblicas. Essa aplicação não vem de fora da Escritura, mas de dentro dela, pois será a simples organização e explicação do encaixe perfeito que as doutrinas bíblicas tem entre si, principalmente quando você não torna frouxa sua teologia em algum aspecto. Aqui literalmente será a razão da nossa esperança exposta aqueles que duvidam ou entendem de modo derrotista. Bibliologia Nós cremos que a Palavra de Deus é Palavra de Deus, inspirada e soprada pelo Senhor para aqueles que Ele escolheu como seus oráculos, os quais não tiveram suas personalidades mitigadas, mas aprouve ao Senhor em sua Soberania Verdadeira decretar tais personalidades e seus contextos, além de tudo o mais, para que a Palavra fosse formada como hoje é. A Escritura Sagrada é o nosso fundamento epistêmico e teológico, de modo que só a partir dela deduzimos as doutrinas que cremos. A Palavra é o nosso fundamento. E esse fundamento só é crido por um ser humano, quando o mesmo é convertido pelo Senhor e em sua mente o Espírito confirma a autenticidade da Palavra, de modo que a expansão já se inicia aí. Que obra grandiosa do Espírito, sobrenaturalmente o homem pode crer e viver as Santas Letras. Cada vez que isso ocorre, cada pessoa que olha para a Escritura com fé e crê no que ela promete, ensina e adverte, em cada momento que essa ação do Espírito é ampliada na vida de um eleito, o Reino se expande. Alguns alegam que o poder sobrenatural tinha por objetivo finalizar o cânon bíblico, ou seja, a partir do momento que o cânon estiver fechado, já não haveria mais necessidade de dons. Qual o problema com essa visão? A Escritura não declara isso, a Palavra de Deus promete aos que creem que muitas coisas fariam e ponto. Não há abertura do Senhor para que possamos viver algum incredulismo. Teontologia Nós cremos no Senhor santo e verdadeiro, perfeito e eterno, com todos os atributos bíblicos que devem ser alçados à Ele. Cremos na Trindade e sua igualdade, sendo diferente apenas as funções de cada pessoa que nela participa. Justamente por crermos nesse Deus poderoso e terrível em poder, nós cremos no que Ele nos promete e ordena. Na Escritura como um todo vemos o Senhor agir e se manifestar, vemos as suas declarações e realizações que aprouve ao Senhor registrar, e em vários casos o Senhor deixou exemplos e promessas para que a partir deles buscássemos viver de acordo com o desejo de Deus, o que inclui tomar posse das promessas oferecidas. Justamente porque o Senhor é perfeito, santíssimo, misericordioso e compassivo, infinito em bondade e amor, cremos no que Ele promete na Escritura, cremos em todas as suas bênçãos anunciadas e buscamos a partir do que Ele revelou, seguir a sua vontade e assim receber o que Ele promete. O Senhor não precisa se provar, não precisa nos dar nada, não precisa de nós, mas em sua graça e fidelidade, Ele prometeu e Ele cumpre, sendo assim, somos verdadeiros adoradores e entendedores de quem Ele é, se cremos em todos os atributos do seu ser e em suas obras. A Soberania do Senhor é exaustiva, sendo assim ninguém pode impedir Ele de fazer o que quer. Qualquer tentativa de subtrair alguma glória ou promessa do Senhor, é pecado e deve ser abandonado. O Senhor não divide sua glória com ninguém e não pode mentir por não ser homem, logo suas bênçãos são promessas reais, que se buscadas a partir das condições por Ele definidas, serão realizadas. Aqui inclui bênçãos de prosperidade material e espiritual, de curas, poderes sobrenaturais e conversão. Um detalhe pertinente é que somos ocasionalistas, sendo assim, não vemos a ação de Deus como de uma causa primária, mas sim como uma causa eficiente e contínua, pois ao verificarmos o decreto e ação de Deus, estamos falando de o que é normalmente conhecido como metafísica, e ao contrário dos pagãos que se veem como atuantes na estrutura da realidade, não nos vemos assim, mas consideramos o Senhor o grande arquiteto e sustentador da criação e, por óbvio, da realidade. Perceba, se olharmos a partir desse prisma, toda e qualquer movimento, ação ou afins, é em última instância ocasionada por Deus, logo não apenas a conversão está em última análise relacionada com Deus, mas a vida é monergística quando observamos a estrutura da realidade pelo prisma bíblico do ocasionalismo. Assim, o Senhor movimenta as ações sobrenaturais e naturais, ocasiona em nós dons como pregação, evangelismo, liderança etc, tanto quanto dons como cura, libertação e afins. Não
Ocasionalismo: termo explicado

É necessário compreender que o ocasionalismo que pregamos é o ocasionalismo bíblico. Usamos esse termo porque ele se encaixa de modo mais adequado às questões últimas da metafísica. Os termos aristotélicos de causa e efeito já foram cunhados a partir da perspectiva de uma separação — ainda que artificial ou, melhor dizendo, virtual — entre causa e efeito. Em uma perspectiva convencional e prática, podemos até utilizá-los. Mas quando falamos das realidades últimas, o termo “ocasionar” e a doutrina do ocasionalismo são mais precisos. Por quê? Porque Deus ocasiona. A ocasião perfeita Tomemos um exemplo banal: falamos em “ocasião perfeita” ou “ocasião ideal” para nos referirmos a um momento em que tudo se propiciou para que algo acontecesse daquele modo. Quando dizemos que algo “ocasionou” certo evento, queremos dizer que tudo se ajustou, que houve propício arranjo para que ele ocorresse. Assim, quando afirmamos que Deus ocasiona, falamos em um sentido infinitamente mais amplo, complexo e profundo. Queremos dizer que Deus coordena e controla tudo, causa tudo em última instância, ordena e sustenta ativamente todas as coisas. O exemplo do copo d’água Alguém toma um copo de água. O que está acontecendo? Deus está ocasionando tudo: A história, para que aquele copo existisse; O tempo e o espaço, funcionando de modo perfeito; A existência da sede; A permanência da matéria na forma de copo e de água; A vontade da pessoa de tomar água; A força para executar o ato de beber; O funcionamento do estômago para receber a água, etc. Tudo isso é sustentado e guiado por Deus. Se Ele quisesse transformar a água em gelo naquele instante, também seria Ele ocasionando. Deus ocasiona para que a realidade mantenha uma certa unidade. Mas Ele também pode ocasionar a perda dessa unidade. O que chamamos de unidade é, no fundo, uma probabilidade — uma possibilidade artificialmente reconhecida como a mais provável. Exemplo: estando em um ambiente de 25 graus em média, ao abrir a torneira e encher um copo, esperamos que a água não vire gelo e que o copo não se transforme em pó. É a estabilidade da realidade como a percebemos. Mas se Deus determinasse que fosse diferente, ainda assim seria Ele quem estaria ocasionando. Portanto, até a estabilidade da realidade — aquilo que chamamos de ordem natural — é sustentada e ocasionada por Deus. O termo “ocasionar” é, portanto, o mais adequado. Ele expressa que Deus não apenas concede a ocasião ou cause a mesma para um efeito externo a Ele, mas a ocasiona em totalidade. É Ele quem ordena, sustenta e dirige todas as coisas em perfeição.