Nota sobre a série
Série Notas sobre o Expansionismo são artigos publicados com a autoria de Orlando Terceiro, com a finalidade de fazer uma apologia e defesa do expansionismo bíblico, não como uma exposição e defesa exaustiva, mas como pinceladas teológicas de reflexão sobre as críticas recebidas e os fundamentos bíblicos que as respondem. Nenhuma dessas críticas saiu de um mesmo indivíduo, então qualquer tentativa de imputar indiretas, ataques pessoais e afins, são de ordem pecaminosa por parte daqueles que assim pensam. O objetivo inicial e final, sincero e verdadeiro, é que o Senhor Jesus Cristo seja glorificado e a Igreja seja edificada com a doutrina bíblica explícita. Se alguns entenderem que esse expansionismo não é 100% de acordo com aquele que cunhou o termo e escreveu muito sobre a doutrina, ou seja, Vincent Cheung, não me importo, pois eu me atenho a entender que participar de uma tradição intelectual e teológica não me faz idólatra de alguém ou seu cego seguidor, mas participante ativo de ideias próximas ou iguais. Desse ínterim, qualquer diferença é de minha responsabilidade e qualquer conformidade é mérito do que aprendi com Cheung, e se quiserem argumentar algo a partir disso, em ambos os casos (diferença ou conformidade) a prova deve vir pelos meus escritos e os dele em comparação.
SDG
Introdução
Esses dias vieram críticas ao expansionismo, doutrina que sou adepto. Muitas dessas críticas são plausíveis, mas em categorias diferentes das propostas. desse modo é necessário que seja dada a devida resposta, para que (1) fique claro aos irmãos desprovidos de conhecimento sobre o tema e para (2) que nós expansionistas melhoremos nossa ação intelectual, sistematizando e expondo essas verdades. Algumas dessas críticas são repetições de críticas que recebi no passado, então não é um ataque direcionado a alguma pessoa, mas sim uma tentativa de resposta abrangente que sintetize o que pensamos de modo sucinto.
As críticas
De início, alguns demonstraram pensar que se a doutrina não é praticada, a mesma é inválida. Bom, eu imagino como eu poderia praticar a doutrina da Trindade não sendo deus? Só posso a entender e adorar ao Senhor, o que se encaixaria em outra categoria, talvez na eclesiologia, na santificação ou algo assim, independente do lugar de encaixe, não é uma prática direta da doutrina. E aqui temos a demonstração inicial que alguns pontos devem ser bem esclarecidos se queremos um debate sério, pois frases de efeito são só isso, frases de efeito. “Ortodoxia sem ortopraxia é hipocrisia”, é bonita, rima, mas quais os fundamentos bíblicos? Acredito que a Escritura e suas doutrinas continuam a existir mesmo que ninguém as pratique, ou a Palavra de Deus depende do ser humano? E não estou dizendo que não há fundamento, mas como foi colocado, houve equívoco.
Outra crítica que foi apontada, é que alguns defensores do expansionismo são hipócritas, agem com ego e legalismo nas suas redes sociais, mas não demonstram nas mesmas as suas ações de cura, libertação e afins. Concordo com a primeira parte dessa crítica, e sou totalmente contra esse modo de agir, porém sobre a segunda parte da crítica, é difícil dizer que não fazem ou não vivenciam as manifestações do Senhor. Se eu digo nas redes sociais que sou de uma igreja pequena e faço trabalhos em um ministério que envolve ministrar a cura etc, o que as pessoas podem fazer para comprovar? Só indo na minha cidade e procurando esse ministério, mas se não fizerem isso, terão a minha palavra apenas, e será mentira? Quem poderá dizer que é mentira? Ninguém. E eu não estou dizendo que sei o que esses irmãos criticados fazem ou deixam de fazer, mas que não podemos definir “eles não fazem”, ou pelo menos não podemos deduzir que só porque alguns hipócritas não fazem, que todos os adeptos do expansionismo não fazem também.
Mais outra crítica é a busca por ver essas manifestações, afinal a doutrina expansionista diz que as manifestações aumentariam, e muito, conforme o desenrolar da história da igreja, então por que os nossos adversários não as veem por aí? Não há problema com essa crítica, mas duas respostas podem ser dadas. A primeira e mais óbvia: se há um espírito de farisaísmo, SE EXISTE ESSE ESPÍRITO, mesmo que mostrássemos, não acreditariam. Segunda resposta: como podem dizer que não está acontecendo? Se tornaram oniscientes? Não, eu acredito. Então não conseguirão percorrer em tempo real todos os lugares do mundo, logo não saberão. E nisso estou apenas considerando a confirmação expansionista em partes, porque há também a colocação da incredulidade.
As críticas são bem-vindas sempre em qualquer movimento cristão honesto, mas elas devem ser baseadas não em nossas experiências ordinárias e limitadas, muito menos em nossas especulações pessoais, mas na Palavra de Deus. O que eu menos vi foram colocações bíblicas, de exegese, e afirmações de erro de interpretação dos expansionistas, além da falta de colocações positivas demostrando que há outra via de interpretação bíblica que não é expansionista. Dadas as circunstâncias, eu faço um desafio bíblico e inteiramente teológico, não me permitirei a exposição das minhas experiências com Deus, sem necessidade, e que a Escritura vença o debate.
A Escritura e os dons
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. (Mc 16:15-18)
O texto de Marcos é lindo, é um dos textos sobre a Grande Comissão, a obrigação dos apóstolos e nossa. O evangelho deve ser pregado para todas as criaturas, nós devemos ser dispensadores das boas novas em todo o lugar do mundo, é um dever da Igreja e, por lógica, um dever do cristão. E esse dever cumprido, irá gerar os sinais aos que creem verdadeiramente, eles farão sinais e maravilhas, eles serão protegidos pelo Senhor e terão em suas mãos armas para lutarem contra os efeitos do pecado e Satanás. Vejam, é importante notar que a Escritura não implica esses sinais aos apóstolos somente, mas a todos que creem.
Os cessacionistas não podem de modo algum dizer que esses sinais não servem mais, eles estão fadados ao fracasso se negarem essas palavras, esses versículos. E qualquer outra visão que não acredite nas manifestações dos dons, sendo elas correntes na vida dos cristãos, também falhará, afinal, há algum impedimento por parte do Senhor Jesus ao falar essas coisas? Há alguma pré-requisito além de crer? Não. Então a briga inicial não é com as pessoas que acreditam nos dons frequentes e contínuos manifestando-se na Igreja. Não pode ser. O texto é tão claro que tentar qualquer tipo de enrolação e “enchimento de linguiça”, é colocar a inteligência do leitor em cheque.
Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. (Jo 14:12-14)
Observe bem essa passagem, a clareza dela é tão irredutível que não há espaço para qualquer malabarismo hermenêutico. O Senhor diz aos apóstolos que aquele que crer nEle fará as obras que Ele faz, e fará maiores do que as que Ele fazia. Vejam que texto espetacular, Jesus não diz “vocês discípulos de agora farão isso”, “vocês que serão apóstolos farão isso”, mas sim, “aquele que crê em mim”. Eu creio, e você?
Como alguém pode ser insano de negar as manifestações de poder do Espírito Santo nas pessoas, e mais, como alguém ousa limitar a obra do Espírito Santo nos seus instrumentos (os que creem) sendo que o Senhor Jesus Cristo está dizendo que mais e mais será feito. Isso não é expansionismo? Pode-se argumentar em que medida se expande, quantos por cento aumentam por ano. Mas isso podemos argumentar ao contrário ao evanescentista, podemos argumentar quando e em qual grau pode ocorrer com os providencialistas, podemos argumentar qual a data que cessou com os cessacionistas e etc. A relevância do texto está no fato que ocorre e deve ser buscado, solicitado no nome de Cristo, para que venha a ocorrer e ocorrer mais. A dedução lógica desse texto leva ao DEVE SER, e não ao SER, afinal temos pré-requisitos que precisam ser cumpridos, mas se cumpridos, ocorrerá isso e muito mais.
Por que não vejo pessoas sendo transladas? Por que mortos não estão sendo ressuscitados? Por que não vejo pessoas sendo libertas de possessões demoníacas? A promessa está aí, não é mesmo? Mas você não vê por dois motivos, um já citado inclusive: Primeiro, você não é onisciente, e aqui reitero meu ataque a qualquer visão fora do expansionismo, porque adeptos com falhas não são uma preocupação para a minha pessoa nesse momento, mas sim indicar que o expansionismo prega algo errado ou que prega errado porque os nossos críticos não veem. Então reitero, não é onisciente, não poderá ver ocorrendo em todo e qualquer lugar. Mas uma bela reflexão deve ser feita: dois mil anos de história do cristianismo, uma religião que começou com um homem, o Senhor Jesus, passou para doze pessoas e chegou a milhões atualmente, um crescimento contínuo. Mesmo com quedas e apostasias, o Senhor é gracioso em nos prover continuamente e ampliando seu domínio, se isso não é expansionismo, eu não sei o que é. E sobre a segunda resposta, é direcionada a questão da fidelidade da Igreja, vamos verificar.
Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado. (Rm 3:3-4)
Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo. (2 Tm 2:11-13)
A Igreja passou muitas vezes por instabilidade, incredulidade e apostasia, desde o AT o povo da aliança se mostra assim. O crescimento do povo de Deus a partir do NT não diminui essa possibilidade, por mais que possa restringir as chances, conforme a verdadeira doutrina é exposta. Mas a infidelidade do povo não nega a fidelidade de Deus, o Senhor é bom independente de nós, e sua Palavra continua sendo válida, mesmo que nossas ações sejam reprováveis, não há discussão quanto a isso. Quando algum indivíduo tenta negar a obviedade dos textos acima citados, está negando a Palavra de Deus, se não há maturidade para perceber que a doutrina da Escritura quanto está tão claro, há necessidade de voltar a sala infantil da EBD.
Podemos ser infiéis, e muitas vezes a Igreja tem sido, mas está disponível para cada cristão, dentro da sua vida e influenciando as vidas à sua volta, mudar a realidade triste que possa estar vivendo. Se apossar das promessas de manifestações, clamar ao Senhor que guie nos dons, é nossa obrigação, precisamos ter fé. Nós fazemos Deus mentiroso ao dizermos que acreditamos na Escritura, mas não tomamos posse das bênçãos prometidas. Nós somos hipócritas se dissermos que cremos no poder de Deus, mas não seguimos o método que Ele nos deu: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. (Mt 7:7)
Expansionismo, o artigo comentado
Vincent Cheung, criador do nome e expoente inicial da doutrina do expansionismo, tem um artigo chamado Expansionismo: Um Manifesto Cristão, no qual ele explica parte da visão e detalha porque esse nome. Eu estarei expondo o artigo aqui e comentando parte por parte dele, para que fique claro como deve ser entendido, a partir da fonte originária do conceito, o que é essa doutrina e movimento. Minha fonte será a tradução de Dione Cândido Jr., apontada em link para que seja lido na íntegra por quem desejar.
EXPANSIONISMO: UM MANIFESTO CRISTÃO
por Vincent Cheung
O cessacionismo é uma religião contra-cristã. É o anti-evangelho. Ele deve ser condenado com extrema força, sem misericórdia. Contudo, o debate que foi estabelecido entre cessacionismo e continuísmo é um agravante, pois esta combinação desvia a atenção para longe da doutrina bíblica real sobre este tema de dons e poderes espirituais. Até mesmo a necessidade de entreter a discussão mostra que a igreja está tão distante do padrão bíblico que estamos totalmente ausentes do impulso do evangelho, sem a intenção de alcançá-lo.
Aqui Cheung inicia o artigo definindo a visão cessacionista como anti-bíblica, uma visão condenável, ou seja, independente da discussão que possa ter, essa visão não é válida para o autor. Porém, ele amplia que a discussão continuísmo vs. cessacionismo é uma distração para a verdadeira doutrina bíblica dos dons e poderes espirituais, por conta disso a Igreja está se distraindo, assim revelando que estamos longe do desenvolvimento do evangelho. Em síntese, um problema é apontado como um dos possíveis causadores do modo anti-bíblico da Igreja, assim já não pode ser dito que o expansionismo nega que a infidelidade da Igreja faz com que não haja manifestações.
O continuísmo como tal não é a preocupação da Bíblia. Na verdade, a Bíblia ensina que os dons espirituais continuariam até a volta de Jesus Cristo (1 Coríntios 1:7). Ela também especifica as condições exatas para a cessação desses dons. Indica que após a cessação receberemos os efeitos máximos que os dons poderiam trazer, incluindo o conhecimento, a cura, e assim por diante — não potencialmente, mas efetivamente, em nossa experiência — de modo que não haverá mais espaço para eles funcionarem (1 Coríntios 13:8-12). Este é o único motivo para qualquer dom cessar. A cura não tem sentido quando somos invencíveis e indestrutíveis, e quando não há doença. A profecia não tem propósito quando sabemos plenamente assim como somos plenamente conhecidos. De fato, um modo especial de revelação representaria um retrocesso quando podemos bater nos ombros de Jesus e perguntar-lhe o que queremos saber, “face a face” (1 Coríntios 13:12). As línguas seriam impossíveis quando compreendêssemos todas as línguas. O fato de que o debate do cessacionismo existe é a prova de que não chegamos a esse estágio, ou então todos saberiam que os dons cessaram. Assim, os dons e os poderes de Deus continuam em nós. No entanto, a Escritura só assume esse continuísmo ou menciona-o de passagem quando discute outras coisas. Ele não recebe propriamente alguma passagem ou ênfase.
Cheung coloca o continuísmo como um início óbvio e não discutível, é como se ele dissesse “ é claro que a Bíblia ensina que os dons espirituais continuariam até a volta de Cristo, é óbvio demais”, ele ainda expande a explicação do que é o verdadeiro cessacionismo na Bíblia, que será no novo céus e nova terra. E o fato de discutirmos se os dons cessaram, prova que eles não cessaram, a partir do entendimento bíblico de quando se daria esse cessar. Ao fim ele puxa o fato que a Escritura não fala especificamente algo do continuísmo, e isso será trazido para o seu argumento logo menos.
Expansionismo é a doutrina explícita da Bíblia sobre o tema dos dons espirituais, dos poderes e dos milagres. Essa é a única perspectiva bíblica. Eu não estou consciente de qualquer reconhecimento oficial desta doutrina, então eu selecionei o termo para ela. O termo é usado às vezes em um sentido político, mas eu o utilizo em um sentido espiritual. Ele é aplicado a todos os aspectos do avanço do evangelho, mas neste contexto vamos nos concentrar nos poderes sobrenaturais e nos milagres que Deus opera em conjunto com seu povo. Esta é a doutrina bíblica de que os poderes sobrenaturais e os milagres devem aumentar entre o povo de Deus além do que Jesus Cristo exerceu. Eles devem se multiplicar exponencialmente em quantidade e frequência, em intensidade e magnitude, na diversidade de representação, e no âmbito da jurisdição. Deve haver um impulso acumulativo, de modo que, em comparação com Jesus e os apóstolos, e em comparação com cada geração anterior, a igreja deve demonstrar mais milagres, maiores milagres, milagres realizados por mais tipos de pessoas e milagres realizados em mais áreas do mundo.
Cheung já define expansionismo como a doutrina explícita da Escritura, mas o que ele quer dizer com isso? Ele mesmo explica que cunhou o termo, apesar do mesmo ser usado em sentido político e de explicação histórica, Cheung trouxe o termo para o sentido teológico. Expansionismo é um movimento ou doutrina que enfatiza o avanço e expansão do Reino de Deus, isso de modo geral, não apenas com os dons e poderes espirituais, porém para o artigo ele focará na segunda parte.
Cheung diz que essa doutrina entende que os poderes sobrenaturais e os milagres devem aumentar entre o povo de Deus, além do que Jesus Cristo exerceu. Vamos lá, aqui já começa a crítica dos nossos adversários, eles dizem que Cheung está falando algo que não acontece e não aconteceu por 2.000 anos. Primeiro, refutem a explicação do texto bíblico que eu dei mais acima, apesar de serem tão óbvios que minhas explicações foram mais enfáticas do que necessariamente explicativas. Segundo, observem que a Escritura fala isso, como no caso de Marcos 16 e João 14 citados acima, se não há esse movimento que Cristo afirmou que haveria, a Palavra de Deus errou ou nossos críticos que não diferenciaram o DEVE SER do SER? Terceiro: quem disse que não há esse movimento? Cristo especificou lugares? A Palavra disse que seria em todo o mundo na mesma época e ocasião? Como vocês podem saber se está ocorrendo ou não? São oniscientes? A crise da igreja ocidental é óbvia, qualquer pessoa que se diz um servo fiel de Deus já deveria ter maturidade para perceber as circunstâncias, inclusive como Cheung inicialmente demonstrou, e aqui entramos no ponto Quatro, pois Cheung no início já mostra que não está ocorrendo essa expansão e a Igreja com suas tretas teológicas de entretenimento, está se perdendo em discussões fúteis e não vivendo a vida plena prometida na Escritura, então a antecipação de qualquer crítica já se dá no primeiro parágrafo, esquecido pelos nossos opositores.
Os profetas
A base bíblica para o expansionismo é tão penetrante na revelação e tão integral ao evangelho que devemos ser seletivos em nossa discussão. Eu poderia começar com Abraão, mas então eu teria que explicar como Deus prometeu abençoar todas as nações através dele (Gênesis 12:3), como esta promessa culminou no Espírito (Gálatas 3:14), e como o Espírito deve implicar em poderes e experiências milagrosas (Atos 2:17-18; Gálatas 3:5), de modo que a doutrina do expansionismo seja estabelecida desde o início. Isso deve ser suficiente para transformar qualquer cristão em um expansionista, mas o argumento de Abraão pode parecer muito intrincado para os obstinados, pois se tivessem uma compreensão suficiente do evangelho em primeiro lugar, não seriam cessacionistas ou meros continuístas.
Amém. Cheung não se propõe a estender o assunto, mas traz assuntos para a discussão do próprio tema, e já deixa um rascunho do caminho. Isso ninguém refutou, eu pelo menos não vi ou recebi qualquer tentativa, por mais frustrada que ela venha a ser.
Moisés nos oferece algo mais imediato. Quando alguns homens receberam o Espírito e profetizaram por um tempo, aparentemente num contexto que Josué desaprovou, este disse a Moisés para detê-los. Mas Moisés lhe disse: “Você está com ciúmes por mim? Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor pusesse o seu Espírito sobre eles!” (Números 11:29). Os religiosos estão preocupados com o fato de que roubaríamos a glória de Jesus? Quando os discípulos instaram com Jesus para impedir alguém que realizava milagres sem sua autorização, o Senhor respondeu: “Não o impeçam”, “Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida, pois quem não é contra nós, está a nosso favor” (Marcos 9:39-40, também Lucas 9:49-50). Como Moisés, Jesus queria uma expansão do ministério de milagres, não uma restrição. E seu desejo seria cumprido em breve.
Aqui Cheung é enfático em uma explicação sobre como os dons se expandem, se havia pessoas atuando espiritualmente, Moisés e Jesus acharam bom. Não havia qualquer queda desses dons prometida na fala deles ou em algum lugar da Bíblia, pelo contrário, a fala explícita dos mesmos é uma ênfase em buscar diligentemente que isso ocorra. Nosso Senhor se agradou da situação, ele enfatizou a mesma e deu liberdade para que ocorresse.
Os profetas continuaram a pregar uma doutrina do expansionismo. Eles previram um aumento de poder e um aumento de extensão. É claro que nem sempre estavam focados em milagres, porém enfatizavam o progresso do evangelho. Nós afirmamos que o milagroso é parte integrante do evangelho, de modo que não é uma parte opcional ou temporária dele, mas que é o evangelho — juntamente com qualquer outra coisa que seja o evangelho. Mesmo assim, os profetas declararam a doutrina do expansionismo especificamente sobre o milagroso. Como disse Joel: “E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias” (Joel 2:28-29).
O progresso do evangelho e os milagres é algo obviamente relacionado, e tão bem relacionado e truncado na Escritura que não há brechas para crenças em diminuição do dom ou situações específicas que eles possam ocorrer, senão o próprio querer e realizar de Deus que vem de encontro com sua promessa de que se clamarmos a Ele, solicitarmos com fé, receberemos e faremos para a sua glória. Cheung assim destrói qualquer possibilidade de que não se entenda o que ele quer dizer. Se você vai chamar de continuísmo, providencialismo ou cachorrismo é irrelevante para o foco principal: a Escritura ensina essa progressão expansiva, e isso não descarta incredulidade e infidelidade.
O Messias
Jesus foi ainda mais explícito sobre isso. Ele literalmente e fisicamente amaldiçoou uma árvore até a morte, e então anunciou: “Eu lhes asseguro que, se vocês tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer não somente o que foi feito à figueira, mas também dizer a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e assim será feito” (Mateus 21:21). Em outras palavras, se você tiver fé, então você poderá realizar um milagre semelhante, e poderá realizar um milagre maior. Mas você ainda está tão incomodado sobre se isso continua! E você afirma que é um cristão. Quantas vezes ele disse algo assim aos seus discípulos? É registrado novamente em Marcos 11:23. Em outro lugar, ele expulsou um espírito maligno, e então disse: “Por causa de vossa incredulidade; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível” (Mateus 17:20). Se você tiver fé, um milagre semelhante será possível, como remover um demônio. Se você tiver fé, um milagre maior será possível, como remover uma montanha. Se você tiver fé, “nada será impossível pra você”.
As deduções de Cheung são totalmente coerentes com os textos bíblicos que ele apresenta, e não precisamos ir muito longe para perceber. A realidade positiva da Palavra de Deus quanto aos dons e sua amplitude é enfática e promissora, é devastadora para a mentalidade carnal e incrédula que ainda reside em nós. Por mais que eu possa vir a discordar da ênfase de Cheung na condenação para o inferno para aqueles que não crêem assim, não posso negar o padrão bíblico.
Jesus realizava um milagre, e então dizia que quem tivesse fé poderia realizar o mesmo milagre, e até um milagre maior — um milagre maior do que aquele que ele tinha feito. Era como se ele quisesse apagar todas as dúvidas e condenar todas as desculpas. Ele enfatizou esta doutrina uma e outra vez, e formulou-a em termos explícitos. Ele se referiu a seus milagres (João 14:11), para então dizer: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai” (14:12). Isso não deixa espaço para cessacionismo, mas é muito mais do que continuísmo. É o expansionismo.
A Bíblia contém declarações que nos prometem a habilidade de realizar tipos específicos de milagres pela fé. Por exemplo, Tiago 5:15 é uma promessa sobre milagres de cura. Na verdade, é uma ordem para realizar milagres de cura tanto quanto é uma promessa. Entretanto, mesmo antes de aprendermos sobre essas promessas, ou mesmo sem elas, João 14:12 garante a continuação e a expansão dos milagres que Jesus realizou. Mesmo sem Mateus 17:20, Mateus 21:21, Marcos 11:23, e todas as outras passagens como essas; aquele que tem fé possui uma base irrefutável e permanente para realizar os mesmos tipos de milagres, como ordenar para que uma doença deixe alguém, ou ordenar a restauração de um órgão danificado ou ausente. João 14:12 engloba todos os milagres de Cristo, de modo que os milagres da profecia, os milagres da natureza e todos os outros milagres também estariam incluídos e prometidos aos que tivessem fé. Dito isso, temos ainda Mateus 17:20, Mateus 21:21, Marcos 11:23 e muitas outras passagens que ditam a doutrina do expansionismo. É inescapável.
Não há discussão, é o que o Senhor enfatizou. Temos que ser desejosos de negligência ou cegos pelas nossas tradições e crenças para negarmos a disposição positiva do Senhor Jesus em relação aos dons. Estamos diante de um mar de esperança e fé, mas preferimos mergulhar em uma poça de lama. Reitero, pode chamar do que quiser essa doutrina, mas ela é bíblica.
Jesus disse: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:18-20). Esse manifesto expansionista aqui é muitas vezes repetido pelos religiosos fariseus, mas o mandato é sobre ensinar as nações as doutrinas de Cristo, não as tradições dos homens. Portanto, pregar o evangelho tem haver com contar às pessoas sobre os milagres de Jesus, e que se elas tiverem fé poderão realizar milagres semelhantes e milagres ainda maiores. Esta é a doutrina do expansionismo. Isso, por sua vez, significa que aqueles que não ensinam o expansionismo desobedecem à Grande Comissão. Eles não pregam o evangelho, ou pregam um evangelho diferente. Embora nosso foco esteja nos milagres, esta doutrina abraça tudo o que Jesus fez, e não apenas os seus milagres. Os cristãos devem fazer o mesmo, e depois fazer ainda mais. Assim, eles devem pregar o evangelho a todas as nações, além do território que Jesus cobriu. Isso torna a doutrina do expansionismo ainda mais significativa e necessária. Isso torna ainda mais imperdoável ignorá-la, rejeitá-la ou ser seletivo sobre ela.
De fato, Jesus enfatiza e re-enfatiza os dons e poderes sobrenaturais nos Evangelhos, e ao fim desse grande discipulado, ele envia a sua comissão com essa ordem magistral, a qual nós todos deveríamos cumprir. Não há espaço para negação.
Os discípulos
Antes de Cristo subir ao trono de Deus, ele declarou que o Espírito Santo viria sobre os discípulos, e eles receberiam o mesmo poder que ele exerceu em seu ministério (Atos 1:8). Você deve ter em mente que ele já havia prometido que alguém poderia realizar os mesmos milagres que ele fez e até milagres maiores pela fé, e os discípulos já haviam feito milagres pela fé, curando os enfermos e expulsando os demônios em seu nome. Jesus não queria que isso meramente continuasse. Ele queria mais, muito mais. E a descida do Espírito ainda acrescentaria outra dimensão de poder espiritual às suas vidas — fé sobre fé, poder sobre poder. Jesus não ficou satisfeito até que seus seguidores tivessem alcançado um nível excessivo e absurdo de dons carismáticos. Ele se recusou a aceitar uma mera continuação de seu ministério, mas exigiu uma expansão, uma escalada. Ele queria que demonstrassem um poder absurdo. Ele lhes disse para não deixar a cidade até que o Espírito chegasse. Quando então eles se expandiriam, e levariam este poder “até os confins da terra”.
Os apóstolos foram o início dessa ampliação de manifestações e expansão do Reino de Deus, Atos 2 enfatiza o texto de João 14, e a ampliação do evangelho por vários séculos e em vários lugares não é diferente. Se a sua limitação territorial e de informações não te permite ver a expansão do Reino de Deus, elas deixam de existir? A sua limitação informacional torna inexistente as promessas bíblicas? Esqueceste a própria ênfase inicial que Cheung deu no artigo e vai continuar a dizer que não me viu fazer? Por qual motivo eu te mostraria algo assim, para como os fariseus você negar que viu o que viu?
Quando chegamos aos eventos após a ascensão de Cristo, precisamos nos mover rapidamente, pois muitas coisas aconteceram para que nós as consideremos com detalhes. Os discípulos não estavam mais apenas falando sobre isso, mas estavam fazendo isso. A expansão em todos os aspectos estava acontecendo — a quantidade dos milagres, a qualidade dos milagres, a diversidade dos crentes e a imensidão dos territórios. Houve uma explosão de poder sobrenatural, e milagres espalhados por todos os lugares.
No dia de Pentecostes, o Espírito Santo chegou de forma espetacular ao grupo de crentes. Apenas dez por cento deles eram apóstolos (Atos 1:15), mas todos foram diretamente infundidos com o mesmo poder que infundiu Jesus Cristo, para receberem revelações e realizarem milagres (Lucas 4:14, 24:49; Atos 1:8, 2:4). Desde o primeiro dia, a esmagadora maioria dos que tinham dons proféticos e poderes milagrosos não eram apóstolos. Pedro explicou que era exatamente o que deveria acontecer. Ele se referiu ao profeta Joel: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão” (Atos 2:17-18). A unção do Espírito havia se espalhado para além de alguns reis e profetas, para além de Cristo e seus discípulos, e agora se expandiria em poder e extensão para todos os tipos de pessoas, penetraria todos os níveis da sociedade, invadira todas as áreas do mundo, para todos no futuro.
Só com a Escritura já podemos acreditar na doutrina do expansionismo, só com os relatos bíblicos o expansionismo já faz sentido. A doutrina bíblica já foi e continua sendo enfatizada, independente se alguém quer ficar grudado em mim para ver todas as vezes que o Senhor me use. Se nenhuma pessoa fizesse algo depois dos apóstolos, ainda sim seria bíblica tal doutrina, e é isso que os críticos não tem a capacidade de enxergar.
Enquanto uma pessoa tiver fé em Jesus Cristo, essa pessoa poderá receber o Espírito e, portanto, o poder de receber e realizar o milagroso (Atos 2:38-39). O sonho de Moisés, o oráculo de Joel e a carta régia de Cristo agora estavam sendo cumpridos. Quase todos os que receberam poder para operar milagres não eram apóstolos, embora o Livro de Atos destaque o ministério dos apóstolos. No entanto, a Bíblia nos deixa com certo testemunho suficiente sobre os feitos de fé e poder deste grupo majoritário dos milagres. Há um extenso relato de Estêvão, um homem que foi chamado para “servir às mesas” (Atos 6:2). Ele realizou “grandes maravilhas e sinais entre o povo” (Atos 6:8). Quando os incrédulos o desafiavam, “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava” (Atos 6:10). Então eles fizeram acusações falsas contra ele e levaram-no a julgamento. Quando os membros do Sinédrio olharam para Estevão, “viram que o seu rosto parecia o rosto de um anjo” (Atos 6:15). Seria isto um apóstolo, ou talvez dois ou três apóstolos combinados? Ou seria o próprio Cristo? Não. Ele era alguém que servia às mesas, cheio de fé e do Espírito Santo.
Ele não era um apóstolo, mas Deus o escolheu para confrontar a elite religiosa. Saulo, que mais tarde se tornaria o apóstolo Paulo, estava também na plateia (Atos 8:1). Podemos dizer que Estêvão não deixou nenhuma impressão sobre este fariseu endurecido? Podemos dizer que este lendário pregador não devia nada em suas viagens e escritos a esse que servia às mesas? É inconcebível que Paulo jamais se lembrasse de Estêvão ou que nunca tentasse honrar a memória desse mártir enquanto perseguia a excelência em seu ministério e sofria severa perseguição. Não há necessidade de especulação. Vamos falar sobre o que sabemos. Sabemos que os apóstolos experimentaram transes e sonhos, e às vezes até visitações. Anjos os visitaram na prisão e os libertaram. O Senhor Jesus lhes apareceu. Impressionante. Mas aqui vemos que Estêvão, esse homem que servia às mesas, que nunca foi um apóstolo, recebeu tais poderes proféticos do Espírito que penetrou os céus dos céus, até o trono de Deus, de modo que, sem um transe ou um sonho, mas bem desperto em seu corpo e em público diante da elite religiosa, ergueu os olhos e viu Jesus de pé à direita de Deus (Atos 7:55-56). Mais do que impressionante. Então, enquanto o apedrejavam até a morte, Estêvão orou por eles (7:59-60). Ele não era um apóstolo, mas um herói de primeira classe da fé.
Estêvão foi morto, e a perseguição começou contra a igreja. A Bíblia diz: “Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria… Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem” (Atos 8:1,4). Neste ponto da virada, o evangelho se expandiu para além de Jerusalém através dos cristãos que não eram apóstolos. Eles pregavam o evangelho e realizavam milagres. Por exemplo, Filipe também servia às mesas (Atos 6:5), e ele foi para Samaria quando os discípulos se espalharam. A Bíblia diz: “Quando a multidão ouviu Filipe e viu os sinais miraculosos que ele realizava, deu unânime atenção ao que ele dizia. Os espíritos imundos saíam de muitos, dando gritos, e muitos paralíticos e mancos foram curados. Assim, houve grande alegria naquela cidade” (Atos 8:6-8). Então um anjo disse a Filipe aonde ir, e o Espírito lhe disse com quem se encontrar (Atos 8:26-29). Depois de pregar a um oficial etíope, o Espírito de Deus o levou fisicamente e o transportou para outro lugar (Atos 8:39-40). Não temos registro sobre algum apóstolo que tenha experimentado algo assim. As obras sobrenaturais do Espírito se expandiram através dele até a geração seguinte, pois ele teve quatro filhas que profetizaram – não uma, mas quatro; não filhos, mas filhas; não proselitismo, mas profetismo (Atos 21:9).
A promessa continua e é enfatizada pelo testemunho da igreja primitiva em Atos. Os dons se expandem até mesmo nos relatos bíblicos.
Quando Jesus eventualmente deteu Paulo, ele não enviou a elite cristã para iniciá-lo na fé, mas ele enviou Ananias. A Bíblia simplesmente o chama de “discípulo” (Atos 9:10). Ele era um excelente discípulo, mas mesmo assim não foi chamado de apóstolo ou profeta, ou alguém com um título de liderança religiosa (Atos 22:12). O Senhor falou com ele em uma visão, e revelou a rua e a casa que ele deveria visitar, e o que deveria dizer quando chegasse (Atos 9:11). Ananias se perguntou sobre isso, quando soube do tipo de pessoa ele era enviado para tratar, então o Senhor ofereceu uma explicação (Atos 9:13-14). Como mero discípulo, ele teve uma conversa profética com o Senhor sobre o ministério apostólico mais definidor da história. Pelas mãos deste discípulo, Paulo recebeu a visão novamente e foi enchido com o Espírito Santo (Atos 9:17).
Mais tarde, o apóstolo Paulo escreveria: “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum… que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação” (1 Coríntios 12:7, 14:26). Aos Coríntios, ele disse: “Gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem” (1 Coríntios 14:5). As pessoas estão tão ansiosas para minar as línguas que elas não percebem o que esse texto realmente disse. Para esses cristãos que supostamente usavam de maneira errado o falar em línguas, Paulo ainda insistia: “Eu gostaria que todos falassem em línguas”. Ele não disse apenas: “Quero que vocês continuem permitindo”. Não, ele disse: “Quero que TODOS vocês falem em línguas”. Tendo em mente que ele queria que todos falassem em línguas, ele acrescentou que queria ainda mais que eles profetizassem. Ele queria dizer que eles deveriam preferir a profecia apenas “na igreja” ou na assembléia pública (1 Coríntios 14:19), e quando não houvesse interpretação (1 Coríntios 14:5). Então ele disse que poderiam permitir até três mensagens em línguas se alguém pudesse interpretar (1 Coríntios 14:27), ou duas ou três pessoas poderiam profetizar, “porque todos vocês podem profetizar, cada um por sua vez” (14:31). O sobrenatural era esperado, e a participação era encorajada. O apóstolo se recusou a permitir que a expansão das operações milagrosas retrocedesse um passo, mesmo diante do mau uso e da desordem. Ele ditou diretrizes à eles para regular suas reuniões e exortou-os para seguirem em frente e continuarem com os dons. Ele insistiu em aumentar e expandir.
O Senhor é glorificado com esses dons, Ele oferece esses presentes para nós, basta buscarmos. A Escritura enfatiza o uso e a busca contínua por esses dons, se não vemos frequentemente, é porque nós estamos falhando e não o Senhor. Nós somos culpados de não vermos em abundância o acontecimento. Se houve uma pandemia e não curamos, a culpa é nossa, incluindo principalmente aqueles que não crêem nos dons e milagres no padrão bíblico, mas criticam aqueles que buscam expor o fundamento.
Ah mais a história da Igreja é diferente, não tem nenhum concílio oficializando essa doutrina. Quer algo melhor do que o próprio Espírito que inspirou os irmãos escritores da Bíblia? O Espírito Santo revelou e manifestou a doutrina bíblica da expansão do Reino. Já perderam e preferem apelar aos pais mortos de vocês? Nós apelaremos para a Escritura e ela nos dá todas as bases para ganharmos. Nós temos a espada, vocês tem um alfinete enferrujado.
Os apóstatas
O debate entre cessacionismo e continuísmo é como o debate entre ateísmo e teísmo. Não é inteiramente inútil, mas mesmo quando o teísta vence, há apenas um ligeiro progresso. Os cristãos não podem ficar satisfeitos até que o oponente se submeta a toda fé em Jesus Cristo. O cristão deve se sentir deturpado se os outros o considerarem um mero teísta. É assim que me sinto quando sou rotulado de “continuísta”, mesmo quando não há qualquer intenção maliciosa. Eu suportaria isso apenas para manter a interação simples, mas na realidade é muito mais fraco do que eu acredito, a ponto de eu tomar isso como calúnia. Isso provoca um auto-exame e, depois, uma percepção familiar: “Ainda sou muito restritivo na minha exposição do sobrenatural, ou essas pessoas são completos idiotas?” Só porque você não acredita na Escritura não significa que eu não posso acreditar. Eu sou um expansionista. A minha doutrina é a uma doutrina do expansionismo do evangelho, em todos os sentidos especificados pelas Escrituras, incluindo o aumento de poderes milagrosos, bênçãos e experiências em quantidade, em magnitude, em diversidade de crentes, até os confins da terra. Este é o evangelho de Jesus Cristo. Você pode continuar lutando contra ele e se condenar ao inferno, mas eu não vou me entregar a isso.
A colocação do Cheung é dura, mas o que podemos entender é claro, você não pode tirar essa colocação da sua teologia toda, e muito menos do texto em que está inserido. Cheung se posiciona como sendo um crente nessa doutrina, ele diz em tom de busca, de vivência; ele está convicto de que essa é a doutrina do evangelho, de que assim deveria ser a igreja: os cristãos deveriam mais e mais buscar pela fé e poder no Espírito, para que Deus seja glorificado. O aumento exponencial é o que a Escritura prega como imperativo, a busca incessante e expansiva deve ser o nosso desejo. E justamente por ocorrer menos, pelo menos em alguns lugares, é que Cheung escreve o artigo refutando os cessacionistas e diminuindo o continuísmo. É uma expressão do que ele crê e vê na Escritura, é uma realidade que precisa ser buscada, tanto que ele inicia o artigo referenciando a situação atual da igreja. Em outro texto ele vai de encontro com a triste realidade da Igreja e expõe sobre como os mestres “sem-fé” são ruins e a Igreja não está onde deveria estar:
Se estamos satisfeitos em ter um professor como este, um professor sem-fé, então estamos satisfeitos com muito pouco, quando poderíamos ter muito mais. A igreja de Jesus Cristo não está no lugar onde deveria estar nesse momento, mas ela ainda não está totalmente empobrecida. Não precisamos de professores que ensinem o evangelho com incredulidade (se é que isso é evangelho), quando temos professores que ensinam o evangelho com fé. Dito isso, agora somos conduzidos ao fato de que é mais importante pregar a verdade do evangelho do que refutar e atacar aqueles que a rejeitam. Jesus disse que se um demônio fosse expulso de um homem, e que se ele voltasse e encontrasse o lugar vazio, retornaria com outros demônios além dele, de modo que a condição final deste homem seria pior que a primeira. Alguns professores dos sem-fé desejam demonstrar vigilância para com a verdade do evangelho, mas ouça eles — eles pregam uma política humana ao invés das promessas de Deus. Como a Escritura diz: “Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus” (Sl. 21:7). Deixe eles assim, enquanto assumimos a nossa posição contra a incredulidade, e nos dedicamos com mais esforço na edificação do povo de Deus.
É notório em diversos escritos de Cheung, que ele enfatiza a doutrina dos dons de Deus e poderes espirituais em níveis maiores do que os vivenciados atualmente, pelo que parece na nossa percepção ocidental, mas ele mesmo assume isso para que outras pessoas deixem de cair no que ele chama de incredulismo ou teologia deformada. É justamente uma luta contra a atual situação de retração e não expansão que temos visto nesse meio ocidental. Ele mesmo acredita que o Senhor continua o seu poder e pode estar fazendo isso em outros lugares, mas em nosso meio não parece ser tão manifesto, e ele culpa essa teologia fraca e idólatra de teólogos, nas palavras dele.
Os cristãos recuaram da doutrina do evangelho. O cessacionismo é heresia. É demonismo e paganismo; e uma declaração de guerra contra o evangelho. O continuísmo como tal ainda não é uma doutrina bíblica. Está flácido. Falta-lhe a ambição espiritual que é inerente à fé de Jesus Cristo. Ele negligencia a promessa e a ordenança do evangelho. O expansionismo é a única doutrina bíblica, e é a única visão aceitável. Esta revelação elementar é de alguma forma uma religião revolucionária até mesmo para os cristãos. Você não precisa da ordenação de homens para pregar o evangelho. Você não precisa de treinamento no seminário para curar os doentes. Você não precisa ser homem, ou jovem, ou popular para receber visões e sonhos. Você não precisa ser rico ou educado para profetizar. Ensinar é bom — quanto mais melhor — não pelas tradições dos homens, mas pela palavra de Deus. Ele pode usar homens fiéis para construí-lo em conhecimento e caráter, mas não siga qualquer um, porque nem todos têm fé. Do que adianta receber apenas treinamento e aprovação de homens, se eles te tornam duas vezes mais filho do inferno como eles são? Tenha fé em Deus. Acredite no evangelho. Então você receberá seu Espírito, e você fará estas coisas. O próprio Jesus realizará os mesmos milagres e milagres ainda maiores por meio de você (João 14:13-14), porque se você tiver fé, ele será seu parceiro no ministério evangélico (2 Coríntios 6:1).
Quanto mais adentramos ao texto de Cheung, mais claro fica a diferença entre o SER e DEVER SER, entre o IMPERATIVO e a REALIDADE. Está nítido, desde o começo, que há por parte do autor, a busca por demonstrar a visão bíblica a fim de expandir e modificar o pensamento atrofiado sobre os dons que domina a Igreja ocidental. Em particular, uma ênfase deve ser data ao ataque dele a teologia reformada e a teologia americana, ou seja, ele não se permite ultrapassar esse território por crer que há possibilidade e, muito provavelmente, ocorra manifestação grandes do Senhor em outros lugares inimagináveis para nós.
A colocação próspera e positiva do Cheung é um clamor para que as pessoas não se afundem no alto incredulismo, que é o cessacionismo, e não se limitem ao baixo incredulismo, que é o continuísmo. Ele está jorrando o texto bíblico e suas implicações para que as pessoas acordem e busquem o que o Senhor tem oferecido. De fato, ele não pensa que a igreja que conhecemos no ocidente já vive isso.
O expansionismo deve ser declarado em credos cristãos e prescrito como um teste de ortodoxia. Certos aspectos da fé cristã podem ser tão “evangélicos” como esta doutrina, mas nenhum será mais. Quanto ao debate entre cessacionismo e continuísmo, ele persistirá enquanto existirem aqueles que resistem ao evangelho e que amam suas próprias teorias e desculpas. Assim como nos empenhamos com os incrédulos pelo evangelho, embora não permitamos que eles nos impeçam de avançar na fé, condenamos os cessacionistas pelo evangelho mas não permitiremos que eles nos impeçam de avançar de fé em fé, de glória em glória. Em certo ponto, Jesus disse aos discípulos: “Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora” (João 16:12). Ainda que algumas pessoas deveriam ser mestres agora, elas ainda não podem suportar o que temos a dizer (Hebreus 5:11-12). Mesmo as doutrinas elementares do evangelho são demais para elas. Não há razão para acomodá-las ou permanecer com elas em uma luta prolongada, quando percebemos que há muito mais para nós alcançarmos. Não devemos legitimar uma perversão do evangelho, aceitando a maneira como este tema foi enquadrado. Nós não fazemos nenhum progresso ganhando o debate onde o poder do evangelho simplesmente continua. Nós devemos nos sentir como tolos em cada minuto que somos encalhados nesse nível em nossa discussão. Até mesmo o continuísmo como tal é apenas um compromisso para que nos movamos para além dele, para lutar pelo aumento e pela expansão.
Em síntese, o expansionismo é evidente na Escritura, é um imperativo e uma benção disponível para aquele que crê. Se não há avanço aparente, é porque nossas igrejas estão preocupadas com teses inúteis e incrédulas, com ideias sem sentido algum, sem correspondência com a Escritura. Inclusive, a descrença deve ser combatida com a crença, aos expansionistas: sigam o que Cheung diz e continue buscando e se preocupando em criar ministérios saudáveis biblicamente, cheios de unção do Espírito e que levem cura, libertação e poder de Deus para as pessoas. Aos críticos, não é possível que ainda não tenham entendido o que foi dito aqui, primeiramente com referência a prática: nunca saberá com certeza, mas não depende da prática e sim de vocês provarem que o expansionismo não é bíblico, e segundamente: a doutrina é bíblica e continuará sendo mesmo que seja negada por vocês, afinal as palavras da Escritura são preservadas por Deus e não alteradas para se encaixar com a sua doutrina. É espantosa a quantidade de fé demonstrada aqui? Tens medo de tomar posse dessas bênçãos? Achas arrogante demais? Reclame com o Senhor, aquele que deseja expandir seu Reino e abençoar seus filhos.
Pai dedicado e marido apaixonado, Orlando atua como teólogo elucidativo, aberto ao diálogo e à conversação, mas também firme na resposta às cosmovisões que não se submetem à Palavra de Deus. Sua vocação é articular a verdade bíblica de maneira clara, confrontando visões contrárias e edificando uma visão de mundo alicerçada nas Escrituras.