Tratemos da teoria do conhecimento. A epistemologia é o campo da filosofia que investiga as questões fundamentais do ato de conhecer, em especial, busca responder à pergunta: “como conhecemos?”.
Dentro da corrente filosófica e apologética conhecida como Escrituralismo, da qual faço parte, afirmamos que uma cosmovisão ou um sistema filosófico coerente se inicia a partir de um axioma. Vamos explorar mais profundamente esse conceito.
Um axioma é um princípio não demonstrado que serve de base para o conhecimento. Cada cosmovisão precisa de um axioma a partir do qual todo conhecimento é deduzido.
Em resumo, um axioma é:
- Um princípio não demonstrado: é chamado de princípio porque dele parte o raciocínio, e não é demonstrado porque, se fosse, o conhecimento que o demonstra seria, na verdade, o verdadeiro axioma.
- O fundamento do conhecimento: é a base da qual se extraem todas as outras informações e conclusões. Essas conclusões podem abranger áreas além da epistemologia, como metafísica, ética, política e ciências.
Desde o início, um axioma é aceito como verdadeiro sem a necessidade de comprovação. Ele deve ser autovalidante e autossustentado.
O critério que determina se um axioma é contraditório ou não é a lógica, o princípio fundamental da realidade e da organização coerente do conhecimento. Um enunciado pode ser logicamente falso, mas não autocontraditório. Por exemplo, a frase “Orlando é um alien” tem um sentido lógico, mesmo que seu conteúdo seja falso. No entanto, a frase “Orlando é um humano e um alien” é contraditória e, portanto, ilógica.
Além de não ser autocontraditório, um axioma precisa ser autossustentado. Se um axioma não se justifica por si só, ele dependerá de outro axioma para ser validado.
Por exemplo, a declaração “Orlando é um homem”, se não for tomada como um axioma, precisa de justificação por um axioma que dê suporte a essa afirmação. Se for considerada um axioma, é automaticamente aceita como verdadeira por quem a defende, mas se não puder justificar a si mesma, ela se torna um axioma falso.
Como bem destacou um colega:
Um axioma adequado não apenas evita a contradição com seus próprios princípios, mas os justifica com base em seu próprio conteúdo. Isso significa que um axioma válido é consistente com os princípios fundamentais que ele sustenta e fornece uma explicação lógica e epistemológica para eles.
Podemos ilustrar isso com o exemplo do axioma empírico, que se revela inconsistente. Quando um empirista afirma “Todo o conhecimento vem dos sentidos”, enfrenta-se um paradoxo: como essa afirmação foi obtida por meio dos sentidos? Essa contradição viola o princípio básico da lógica.
Portanto, somente o cristianismo possui um axioma perfeito, que é a Palavra de Deus, tema que explorarei em um próximo artigo.

Pai dedicado e marido apaixonado, Orlando atua como teólogo elucidativo, aberto ao diálogo e à conversação, mas também firme na resposta às cosmovisões que não se submetem à Palavra de Deus. Sua vocação é articular a verdade bíblica de maneira clara, confrontando visões contrárias e edificando uma visão de mundo alicerçada nas Escrituras.